domingo, 5 de outubro de 2008

Marketing Boca a Boca (Turbinado)!!

Este texto abaixo foi escrito por mim em Setembro 2007 e logo depois de terminar, enviei ao Washington, para que ele pudesse ler, já que é um grande e notório apreciador de vinhos. E não é que ele resolveu colocar o texto no Blog dele (http://bloglog.globo.com/washingtonolivetto/) ???
Confesso que por isto ele passou a ser um dos meus textos mais "queridos"... Leiam abaixo e espero que gostem.
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André Rossi é um dos mais jovens diretores de atendimento da W/Brasil e do mercado publicitário. E um rapaz corajoso. Extremamente corajoso.
Prova disso é que ele resolveu aceitar a minha oferta para que o pessoal da W/ escrevesse no meu blog e optou pelo tema “vinhos”. É preciso ser muito corajoso para escrever sobre vinhos num blog que tem a família do Boni no comando.

Washington Olivetto

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Recentemente, li no blog do respeitadíssimo e competente Saul Galvão que a “marqueteira“ classificação Cru Bourgeois não poderá ser mais utilizada nos vinhos provenientes da região de Bordeaux, França. Num post logo depois deste, havia um complemento do próprio Saul dizendo que alguns produtores franceses, preocupados com suas vendas, já estão procurando um jeitinho para garantir a sobrevivência da expressão Cru Bourgeois, pois acham que, sem essas classificações em seus rótulos, suas vendas tenderão a cair.

Concordo com a preocupação desses produtores, uma vez que desde 1855, quando apareceu a primeira lista com a hierarquia dos principais tintos da região do Médoc, alguns produtores se apoiaram nessas classificações e passaram a vender seus vinhos por preços mais altos. Agora, com a proibição de utilizar essas classificações, os produtores terão que se preocupar muito mais com a qualidade dos seus vinhos do que com as classificações em que se encaixam. E, na minha opinião, isso pode ser benéfico para todos nós, apreciadores, pois poderemos ter vinhos de melhor qualidade.

Não quero dizer que os vinhos que têm suas classificações hoje sejam ruins ou que não as mereçam. Não quero aqui colocar à prova nomes já consagrados e que estão acima do bem e do mal, como Château Mouton-Rothschild, Château Lafite Rothschild, Latour ou Margaux, entre outros. São vinhos lendários, que atravessam gerações e não perdem a nobreza porque têm suas qualidades rigorosamente controladas e cuidadas. São vinhos únicos, que não merecem ser submetidos a comparações com outros vinhos.

Quando eu digo que acho que o resultado dessa ação judicial de tirar essas classificações dos rótulos pode nos beneficiar, digo isso porque agora, sem elas, os châteaux vão precisar conquistar o paladar dos consumidores 100% pela qualidade de seus vinhos e não por pertencerem a uma ou outra classificação. E vinho que é bom vende. Tenho certeza disso! As pessoas comentam, os críticos atentam a eles, e por aí vai. Nesse processo literalmente boca a boca, os bons vinhos vão ser os grandes beneficiados e vão poder comprovar suas qualidades. E essa, na minha opinião, será a grande prova para esses vinhos. Saberemos realmente quem é quem.

Como já disse, não sou contra essas classificações, mas acho que elas devem ser feitas apenas para indicar as procedências dos vinhos, como ocorre, por exemplo, na Itália, na Espanha, em Portugal e, mais recentemente, até mesmo no Brasil. Na Itália, as denominações DOC (Denominazione di Origine Controllata) e DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita) são as mais importantes. E isso não significa que os vinhos IGT (Indicazione Geográfica Típica) ou outros que não têm essas denominações sejam inferiores. Um exemplo disso são os chamados Super Toscanos. Essa denominação começou nos anos 70, quando alguns produtores decidiram criar um novo estilo de vinho produzido ou fora da zona do Chianti, ou com suas uvas misturadas a outras variedades, como Cabernet Sauvignon, Merlot etc., que não eram aceitas pelas regras DOCG para o Chianti. Dois exemplos de Super Toscanos são os sensacionais Solaia e Sassicaia. Ou seja: não ser DOC ou DOCG não muda nada para eles, porque são excelentes vinhos e passaram no teste boca a boca dos apreciadores e críticos.

Até mesmo o Brasil, que ainda engatinha na produção de vinhos de alta qualidade, apesar de alguns bons rótulos premiados e reconhecidos lá fora, já tem sua denominação de origem reconhecida pela União Européia: Vale dos Vinhedos (RS). No Brasil, diferentemente de outros países, nos quais as regras são mais rígidas, os produtores têm mais liberdade para escolher as uvas e os tipos de vinho. Os vinhos do Vale dos Vinhedos devem ser feitos com uvas da região (vinificadas lá mesmo) e aprovados por uma comissão de especialistas.

Acho que essas indicações que determinam a origem dos vinhos são sempre benéficas e importantes para o mercado. Outras classificações, na minha opinião, são meras jogadas de marketing para vender mais. Não sou contra o marketing. Pelo contrário: sou totalmente a favor, afinal, publicitário que sou, preciso do marketing das empresas para sobreviver... Mas que o marketing venha para o bem do mundo do vinho, que ele venha para evidenciar os grandes vinhos, pois eu tenho uma teoria muito clara em minha cabeça: vinho bom é aquele que passa no teste boca a boca, ou seja, vinho bom não precisa de marketing.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tatu´s Husband,
Seu blog está ficando "encorpado" ! Apesar de jovem já tem sua personalidade, Parabéns pelo cultivo do que pode ser no futuro um 1er cru !

Abs,

Thiago