domingo, 30 de novembro de 2008

Vertical de Tignanello. Gran Finalle - Parte 2

Vamos então ao que interessa: Aos vinhos e à comida. E que comida! E que vinhos!
Tivemos a grande prova de que a harmonização é muito importante quando temos grandes vinhos e grandes pratos. Em nenhum momento os vinhos mataram os pratos e este talvez tenha sido o grande segredo para a noite ser espetacular!

Para começar, uma Terrine de Coelho tartufada sensacional e o Tignanello 2004. A Terrine, leve, saborosa, sem muitos condimentos e um sabor natural, mas extremamente deliciosa. Uma entrada que se fosse prato principal não passaria vergonha. No copo o 2004 se mostrava jovem, mas já deliciosamente pronto para beber. Foi quase unanimidade achar mos que este vinho daqui a 10 anos estará uma obra prima, algo inacreditável.

Logo depois, o 2001 com um Ravioloni leve e uma lasanha verde saborosa e consistente na boca, harmonizando muito bem com esta safra que foi uma das grandes safras na Toscana. O vinho já mostrava uma cor mais atijolada devido à sua idade e um pouco menos persistente que o 2004. Mas um vinho que se tomado sozinho, sem ser comparado com outros, seria um desbunde. Mas convenhamos que comparar diferentes Tignanellos é até sacanagem, pois é difícil saber qual é melhor e o “menos bom”, pois todos são incríveis. Neste caso, as massas caíram perfeitamente com o vinho, sem sobreposição. Foram complementares e a esta altura já estávamos completamente entregues àquela que pode ser considerada um dos maiores eventos gastronômicos que já puder presenciar.

Por enquanto é isto. Semana que vem volto para terminar a contar como foi o restante do jantar e dos vinhos, já que ainda tínhamos pela frente um 1997, um 1990 e um Sauternes de 100 pontos no Robert Parker...

Haja coração, como diria Galvão! Ou melhor, haja boca e estômago!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Dicionário das Uvas - Cabernet Franc

Uma uva tinta de ótima qualidade, também proveniente de Bordeaux. Ela é utilizada no clássico "corte bordalês", junto a cabernet sauvignon, merlot e petit verdot. É ela a responsável pela estrutura dos grandes vinhos "grand cru" de Bordeaux (a Cabernet Sauvignon dá aroma, sabor e corpo, a Merlot dá suavidade, maciez e completa o sabor; a Petit Verdot dá um leve tempero). Já os varietais da Cabernet Franc, são robustos e aromáticos, embora mais tânicos e um pouco ácidos.

Apesar da forte ligação que mantém com a região de Bordeaux, a Cabernet Franc se espalhou por todo o mundo, e é usada tanto em varietais como em combinações variadas. Seus vinhos tem bom corpo, cor rubi intensa, e acidez acentuada. Não costumam ser vinhos para guarda.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Vinho Hermano-Tupiniquim

A Miolo irá produzir um vinho especial em parceria com o enólogo argentino César Augusto Borba de Azevedo para mostrar o terroir da região de Mendoza, na Argentina. O lançamento estará disponível em Novembro no Brasil, Argentina e países da Europa. O terroir escolhido é na região de Lujan de Cuyo, um dos mais nobres terroirs de Mendoza.

Para homenagear os incas que habitaram Mendoza, a linha de vinhos foi intitulada Los Nevados. Este foi o nome dado pelo povo milenar à Cordilheira dos Andes, que desde os primórdios exerce grande influência para o desenvolvimento da viticultura da região. Conforme Azevedo, é a Cordilheira que garante o cultivo de uvas na região de Mendoza, pois o degelo de seus picos formam pequenos rios usados para a irrigação dos vinhedos. “A Cordilheira dos Andes garante a expressão do terroir do vinho de Mendoza”, afirma.

A linha Los Nevados será formada inicialmente pelos varietais tintos Malbec, Cabernet Sauvignon e o branco Chardonnay.


Porém, a Miolo não é a primeira empresa brasileira a fazer um vinho por lá. A Casa Valduga já produz o MUNDUS, um vinho Malbec feito em Mendoza, pelo pessoal da própria Casa Valduga. Um vinho interessante por sinal.

Vinho da Semana - Tilia Malbec Syrah 2006

** Tilia Malbec Syrah 2006**
Produtor: Tilia
Origem: Mendoza (Argentina)
Uvas: Malbec e Syrah
Safra: 2006
Importadora no Brasil: Vinci
Preço Aproximado: R$ 32,00





Um verdadeiro achado. Pela faixa de preço é um vinho bem acima da média, com bom corpo, frutado, mas não tão jovem no nariz e na boca e com uma leve madeira que faz toda a diferença para tirar a "dureza" do vinho. Comprei por indicação da própria importadora e realmente não esperava tomar um vinho destes por pouco mais de 30 reais. Não à toa, levou 88 pontos da Wine Spectator. Supreendente e vale até como dica para eventos.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Nova Coluna: Vinhos e Vôos

Olá leitores do EnoDeco!
Sou Felipe Kaufmann e além de leitor do Blog sou um grande amante do vinho. Essa paixão começou quando eu, com 4 anos de idade, frequentava a adega do meu pai em Campos do Jordão já tomando bons Bordeaux e Borgonhas. Com 25 anos fui morar no Chile e lá aumentei um pouco meu conhecimento convivendo diariamente com enólogos, degustadores profissionais e o mais importante, pisando na terra e calejando as mãos. Hoje, sou o único brasileiro a ser Diplomado em Vinho Chileno, curso ministrado pela Pontifícia Universidad Catolica de Chile – Santiago – (Faculdad de Agronomia e Ingeneria Forestal, Departamento de Fruticultura y Enologia) aonde aprendi as técnicas de produção, elaboração, e degustação. Com isso acabei ficando representante das vinícolas chilenas Neyen de Apalta, Viña Catrala, Viña Alta Cima e Viña Sol y Viento para o mercado brasileiro e asiático, que aliás é aonde moro hoje. Hong Kong, aonde moro, é uma das 3 melhores captais mundiais para comércio de vinho e eu nao poderia ficar fora dessa. Aqui, acabei recentemente meu curso na WSET (Wine and Spirits Education Trust) Level 3 Advanced Certificate, a escola de vinhos mais tradicional do mundo que qualifica para o meu tão sonhado titulo de “Master of Wine”. Também, como parte do meu aprendizado, viajo de 6 a 10 vezes ao ano para países produtores com o intuito de sempre aprender e absorver o estilo dos lugares. Mas a verdade mesmo é que me sinto pelado ao ver que sempre há mais e mais o que descobrir neste mundo do vinho! E é isso que deve nos motivar a aprender cada vez mais!

Foi com enorme prazer que aceitei o convite do Déco para escrever em seu blog sobre os vinhos que podemos apreciar a 35 mil pés de altitude. Ou seja, voando de um canto para o outro em minha coluna, “Vinhos e Voos”.

E hoje começaremos com com duas boas companhias aéreas, a Swiss (4 estrelas no ranking Skytrax*) e Cathay Pacific (uma das 6 companias aéreas 5 estrelas):

Companhia: Swiss

Trecho: São Paulo / Zurique - Classe Executiva:
Uma surpresa, entre São Paulo e Zurique tinha um La Brancaia Chianti Classico 2005, estupendo e não estava na carta...
Continuam com a Champagne Jacquart Brut Mosaique, Reims

Os brancos eram:
Zurcher Riesling Silvaner 2006 Canton Zurich;
Sauvignon Blanc Neethlingshof 2006 Sul Africano;

Tintos:
Trimmis Blauburgunder Schieferwandler Originis 2006;
Clarendele AC 2003 (feito pelo Chateaux Haut-Brion);
Stellenbosch Alto Rouge 2004;

Companhia: Cathay Pacific


Trecho: Hong Kong / Sydney - Classe Economica.
Para quem gosta de wisky, tem Chivas Regal 12 anos e Johnie Walker Black Label (na executiva Gold Label e na primeira classe tem Blue Label)
Infelizmente eles servem vinhos em copos normais descartáveis, sendo 2 australianos: Robert State Commissioner’s Block Chardonnay 2005 (Branco) e Watershed Shades Syrah 2004 (Tinto).

*Skytrax (http://www.airlinequality.com/)

Ate domingo que vem!

Tim Tim,
Felipe

domingo, 23 de novembro de 2008

Vertical de Tignanello. Gran Finalle - Parte 1

Sexta-Feira, 21 de Novembro de 2008. Era o dia da tão esperada Vertical de Tignanellos que encerraria o primeiro ano de nossa confraria. Palco armado na casa do anfitrião José Roberto e convidados a postos. Depois de abrirmos os trabalhos e começar com um belo Prosecco, adentramos à sala de jantar aonde estavam, perfilados, lado a lado, as 4 safras da estrela da noite. Para poder contar com detalhes, terei que dividir este assunto em várias partes, para poder dar o maior número de detalhes possível.

Então, para começar, postarei as fotos dos 4 vinhos e do menu (linda arte feita pela linda Lila), especialmente preparado por Massimo Ferrari e pelo italiano Sergio. Isto é apenas para começar e dar uma noção de como foi esta verdadeira "orgia gastronomica". Depois, dividirei os posts em 4 partes, falando de cada vinho e seus respectivos pratos. E se algum dos presentes quiser comentar algo em cima, obviamente estão mais do convidados a falar. Afinal, como todos foram unânimes em dizer, foi o grande evento do ano! E que venha 2009!




* Pratos:
- Terrina di Coniglio tartufata con gelatina al porto bianco
- Ravioloni di anitra e fegato d´oca al burro e salvia
- Lsagne verdi alla Ferrarese
- Brasato di manso al chianti con sfmotino di patate e carotine mignon
- Parmegiano Reggiano e Pecorino con pere
- Roquefort e Camembert con zucca caramellata
- Sfogliatina alle fragole con crema inglese

* Vinhos:
- Prosecco
- Tignanello 2004 Antinori
- Tignanello 2001 Antinori
- Tignanello 1997 Antinori
- Tignanello 1990 Antinori
- Chateau Rieussec 2001

Vinho da Semana - Zuccardi Serie A Bonarda 2006

** Zuccardi Serie A Bonarda 2006**
Produtor: Familia Zuccardi
Origem: Mendoza (Argentina)
Uvas: Bonarda
Safra: 2006
Importadora no Brasil: Expand
Preço Aproximado: R$ 55,00


O mais novo experimento desta famosa e tradicional vinícola argentina mostra que eles realmente sabem produzir vinhos de qualidade em qualquer faixa de preço. O seu vinho top, o Z é indiscutivelmente um dos melhores vinhos argentinos. Os seus vinhos mais básicos, da linha Santa Julia são vinhos honestos e que em suas faixas de preço merecem destaque.

Agora, a novidade é a linha "Série A" que é composta de um vinho branco, corte de Chardonnay e Viognier e três tintos varietais: Malbec, Syrah e o Bonarda, que é o vinho que dou destaque.

30% do vinho passa por barricas de carvalho Francês por 1o meses e isto dá uma maciez importante ao vinho. É persistente na boca e redondo, sendo um ótimo investimento pelo seu preço. A uva, ainda pouco difundida por aqui, é tida como a grande aposta dos hermanos para o futuro. Até Nicolas Catena já andou dando declarações de que em breve ela será mais famosa que a conhecida Mabec. Mas pelo jeito já está dando bons frutos desde já. Cheers!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Dicionário das Uvas - Sangiovese

Uma das mais emblemáticas uvas italianas, amplamente cultivada na região central da Itália, principalmente na Toscana, Úmbria, e Lazio. Principal casta do famoso vinho Chianti e também dos Brunellos di Montalcino, mas nete caso é a Sangiovese Grosso, que é uma variedade especial e muito controlada da Sangiovese.

Apesar de não ser uma uva difícil, não se espalhou pelo mundo como as uvas francesas. Portanto, continua uma uva tipicamente italiana.

Os vinhos feitos de Sangiovese são via-de-regra para consumo rápido, de 2 a 3 anos, com excessão dos Supertoscanos, Brunellos e Chiantis Reservas, que aguentam bem mais tempo em garrafa, devido à sua estrutura e por terem também passado longos períodos em barricas. Sua é cor um rubi brilhante, com destacada mas agradável acidez, baixa adstringencia, e corpo meio-leve. Nos tipos de vinhos mais elaborados e citados acima, seus sabores e aromas são marcantes e suas colarações mais escuras.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Lista Wine Spectator 100 Melhores Vinhos

Saiu a tão esperada lista anual da Wine Spectator, aonde eles ordenam os 100 melhores vinhos do ano. E o top 1 é do novo mundo! Um vinho já bem conhecido pelos enófilos, e um dos ícones do chile: Clos Apalta 2005 da vinícola Casa Lapostolle. O vinho levou nada menos que 96 pontos desta que é uma das mais conceituadas revistas de vinho.



Entre os 10 primeiros temos, além do grande vencedor, 5 franceses, 1 italiano, 1 autraliano, 1 californiano e 1 português. Para maiores informações, entrem no http://top100.winespectator.com/.

Surpresas Espanholas

No último dia 05 de Novembro estive no evento Prazeres da Mesa e tive a oportunidade única de ser convidado para uma Mega degustação de vinhos espanhóis. Obviamente não pensei duas vezes ao aceitar e logo me dirigi à sala aonde seria feita a degustação. Quando chego lá, a primeira surpresa: A degustação seria conduzida pelo amigo, grande enófilo e conhecedor Ricardo Bohn Gonçalves, sobre o qual já falei algumas vezes aqui no blog. Ele é o idealizador da Wine School, que promove jantares e degustações interessantes, muitas vezes com a presença de produtores estrangeiros. Mas as surpresas não pararam por aí.

Começando a degustação, foram apresentadas as estrelas da noite, na seguinte ordem:
- Baron de Chirel Reserva 2002, o vinho top da famosa vinícola Marques de Riscal, na região de Rioja.
- Prado Rey Elite 2001, o top da vinícola Parado Rey, em Rueda.
- Todonia Gran Reserva 1987 (Rioja)
- Dalman 2000 (Rioja)
- Alion 2003 (Ribeira Del Duero)
- Áster 2000 (Ribeira Del Duero)
- Rioja Alta 1870 Gran Reserva 1995
- Aalto 2005

Todos os vinhos eram sensacionais, impressionantemente diferentes, mesmo tendo como base, em sua maioria a Tempranillo. Mas os modos de vinificação, as regiões, os anos e outros tantos fatores os tornavam únicos e diferentes.
Não vou aqui falar de todos, pois ficará muito extenso, mas queria destacar alguns pontos que me chamaram a atenção:

Primeiramente a diferença de estilos que ficou muito clara: Os “modernos” Baron de Chirel, Dalman, Alion e Aalto com uma madeira mais predominante, mais frutados e muitos deles mais alcoólicos, que se opõe no estilo aos demais “tradicionais” da degustação.

Depois, a impressionante longevidade do Todonia 1987, um vinho maior de idade, com 21 anos e em perfeito estado de aroma, sabor e cor. Impressionante!

E por último, como disse acima, como uma mesma uva, que era a base de todos – Tempranillo – pode dar vinhos tão diferentes, de corpos, cores, aromas e sabores tão distintos e únicos.

Acho que pelos vinhos que foram degustados e juntando também com o último tema da confraria que fizemos (Post “Gigantes Espanhóis”, abaixo) dá realmente para acreditar que a Espanha está caminhando a passos largos para ser o maior produtor de vinhos do mundo, não só pela área que já tem de plantações (Já é a maior do mundo em áera), mas também pela qualidade de seus líquidos. Claro que ainda precisa de muito para desbancar alguns ícones de Bordeaux e Borgonha, bem como Brunellos e Barolos. Mas eles já estão se aproximando.

domingo, 16 de novembro de 2008

Vinho da Semana - Cuveé Cent Pour 100

** Cuveé Cent Pour 100 Moulin Caresse**
Produtor: Chateau Moulin Caresse
Origem: Sud - Ouest (França)
Uvas: Merlot, Malbec e Cabernet Franc
Safra: 2003
Importadora no Brasil: De La Croix
Preço Aproximado: R$ 103,00





Um vinho saboroso, vindo de uma região em ascensão na França que é a parte sudoeste do país.
Este produtor produz vinhos desde 1749 e neste vinho eles conseguem mostrar um corte muito bem feito de 3 uvas marcantes, como Merlot, Malbec e Cabernet Franc. Um prato cheio para aqueles que gostam de vinhos complexos, pois ao mesmo tempo que ele é suave, é intenso no sabor e nos aromas. A madeira é na medida certa (18 meses em barricas pequenas) e se puder ser decantado antes, melhor. Na minha opinião, é um francês moderno.

Le beaujolais nouveau est arrivé!

Alguns consideram o Beaujolais Nouveau apenas um fenômeno de marketing. E realmente há um certo fundamento nisso. Desde o século XIX os viticultores e negociantes locais tinham o costume de comercializar prematuramente suas colheitas. Estavam sujeitos, no entanto, a um sistema de venda escalonada, para garantir a manutenção dos estoques. Somente em 1951 o governo liberou a saída do vinho das propriedades no mesmo ano da safra.

Inicialmente, havia bloqueio até 15 de dezembro. Depois os produtores conseguiram antecipar a liberação para a terceira quinta-feira de novembro. Hoje, para fazer o vinho chegar a todos os pontos de venda no dia certo, há quase uma operação de guerra. Aqui, por exemplo, boa parte das garrafas vem de avião. Isso eleva o preço do produto - mas garante a festa. Ele é o primeiro tinto da safra, que na Europa começa geralmente em meados de agosto. Enquanto os outros vinhos recém-saídos da fase de fermentação ainda descansam na paz das caves, o Beaujolais, elaborado com a uva Gamay, é produzido rapidamente e chega ao mercado com muito barulho no primeiro minuto da terceira quinta-feira de novembro

A região que fica no sul da França produz anualmente 60 milhões de garrafas deste vinho jovem, esperado com alegria nos bistrôs de Paris e enviado a mais de 150 países. O Brasil tem se mostrado um bom consumidor. No ano passado, importou 350 mil garrafas, correspondendo a quase um milhão de dólares. A produção do Nouveau representa cerca de 1/3 do que as vinícolas oferecem na região, incluindo os 2/3 restantes garrafas de Beaujolais Villages e de crus.

É um vinho alegre, jovial, extremamente frutado, que combina maravilhosamente bem com pratos leves, frios, embutidos e refeições rápidas. Quem nunca ouviu alguém falar que ele tem um aroma forte de banana?

Dicionário das Uvas - Carmenère

Mais uma uva tinta originária de Bordeaux, mas que hoje foi praticamente naturalizada chilena. Lá pelo ano de1860, as videiras européias desta variedade foram dizimadas pela filoxera, um inseto que afecta as folhas e as raízes sugando a seiva das plantas. Mais tarde foram substituídas por outras castas menos sensíveis, como a Merlot.

Julgada extinta, foi redescoberta em
1994 no Chile por um ampelógrafo francês, chamado Jean-Michel Boursiquot, que notou que algumas cepas que achavam que era Merlot demoravam a maturar. Os resultados de estudos realizados concluíram que se tratava da extinta Carménère, cultivada inadvertidamente, misturada com pés de Merlot.

A Carmenère se adaptou muito bem ao agradável clima chileno e a seus solos férteis a ponto de ser considerada uma das uvas mais importante do Chile.

Produz ótimos vinhos varietais, com muita estrutura e sabor marcante. Permite ótimo envelhecimento para os vinhos bem elaborados.

Como foi dito acima, hoje pode-se dizer que a Carmenère é uma uva chilena, e lá encontra sua maior expressão, mas aparece também na California e na Argentina.
Seus vinhos são bem saborosos e encorpados, geralmente um pouco mais tânicos que a Cabernet Sauvignon.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Ajuda para o Grande Varejo

O Makro inaugurou, em 24 de outubro, o espaço Speciale Adega & Emporium na loja da Vila Maria, em São Paulo, focalizando principalmente em vinhos, com mais de 1.000 rótulos provenientes da França, Itália, Portugal, Espanha, Chile, África do Sul, Austrália, Argentina, entre outros, conservados em adega climatizada.

Além disso, a loja oferece charutaria, frios, temperos e especiarias e outros alimentos e bebidas.

A idéia foi trazida da Holanda e pretende melhorar a variedade que seus clientes oferecem aos consumidores finais. A presença de consultores especializados, como sommeliers, deve ajudar os clientes nas compras.

Para Beber de Palitinho

Li na Revista Adega deste mês que está no mercado, o primeiro vinho brasileiro produzido e desenvolvido especialmente para harmonização com os pratos da gastronomia japonesa. Há algum tempo ele já estava sendo servido com exclusividade em restaurantes de São Paulo, mas agora será disponibilizado nos supermercados e lojas especializadas.
O Sushi Vin tem paladar leve e equilibrado e é uma combinação de três varietais: Chardonnay, para aportar mais estrutura e acidez; e Malvasia Bianca e Moscato para conferir o aroma frutado apropriado e necessário à harmonização com a cozinha oriental, especialmente peixe e arroz.

É um vinho jovem com confere coloração amarelo palha, e é ideal para ser consumido a aproximadamente 6°C.

Ainda não experimentei, mas se alguém já tiver bebido, estou curioso para saber o que acharam...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Dicionário das Uvas - Tempranillo

Já que a Espanha tem sido um assunto corriqueiro por aqui nos últimos dias, vamos falar da mais famosa uva espanhola: A Tempranillo.

A Tempranillo leva este nome por causa da palavra espanhola temprano, que significa cedo, sendo esta a sua maior vantagem, pois ela amadurece logo. É considerada a melhor uva tinta espanhola. Com ela são elaborados ótimos vinhos na região de Rioja e da Ribeira Del Duero. Nas outras regiões ela também é bastante cultivada. Em Portugal, ela é conhecida como Tinta Roriz no Douro, e Aragonês no Alentejo. Produz vinhos de cor profunda, estruturados, elegantes e complexos.

Os vinhos feitos de Tempranillo são extraordinariamente finos e muitos de excepcional qualidade, comparáveis aos melhores do mundo.

No novo mundo ela vem sendo testada em alguns países, dando resultados animadores, mas ainda sem o grande destaque que ela tem no país de origem.

Gigantes Espanhóis


Na última Terça-Feira, 03 de Novembro, tivemos mais um evento de uma confraria formada por pessoas especiais: José Pedro - meu pai, José Roberto - meu tio, Fefê – meu primo, Dado Lancelotti e Marcio Oliveira – grandes amigos, e eu. Esta confraria começou este ano, com o seguinte formato: Escolhemos um país, ou região e vamos até um restaurante que tenha a ver com o tema escolhido. Para o evento, alguém se habilita a levar os vinhos tintos – sempre de bons níveis e esta pessoa não paga a conta. E outra pessoa se habilita a levar o branco, porém sem regalias na conta, já que na maioria das vezes os tintos acabam sendo bem mais caros. Já andamos pelo Chile, pela Borgonha, por Bordeaux, pela Toscana, por Portugal e na última fomos até a Espanha. Restaurante escolhido: o delicioso Eñe, no qual fomos muito bem atendidos pelo Souza, o sommelier da casa.

Como ninguém tinha um espanhol branco, o Dado optou por levar um belo Pêra Manca, um português que é mais conhecido pelo seu tinto, mas que faz um branco igualmente delicioso. E o vinho caiu muito bem com os famosos “tapas” espanhóis que pedimos para abrir o apetite.

Para o prato principal, todos, com exceção da minha pessoa, foram de cordeiro - Eu fui de Filet Mignon. Pelo que disseram estava delicioso e foi uma harmonização perfeita com os vinhos.
Mas que vinhos eram estes? Nada mais, nada menos que um La Nieta 2005 e um Aalto PS 2004. Estes vinhos já chegaram a ganhar em uma degustação às cegas do famoso Chateau Margaux e de outros grandes vinhos!!

O que dizer sobre os vinhos? Realmente fica difícil. O La Nieta estava sensacional! Um vinho encorpado, mas equilibrado e redondo. Álcool na medida certa, madeira sem excessos e um potencial para envelhecimento muito grande. Um vinho realmente surpreendente, principalmente porque eu não conhecia.

Já o Aalto PS já é mais conhecido, mas não por isto inferior em sua qualidade. Apesar do álcool muito presente, ele evoluiu no decanter e principalmente na taça, o que fez com que ele parecesse menos alcoólico do que ele realmente é. É daqueles vinhos que enche a boca, que ocupa todos os sentidos gustativos de uma forma impressionante. Ao final, a pergunta que sempre rola: Qual foi o melhor? E desta vez não tivemos uma unanimidade...

E agora, depois da Espanha, resta o grande evento do ano, que finalizará este primeiro ano da confraria: Uma vertical de Tignanello, com um jantar feito por Massimo Ferrari. Tá bom ou querem mais?

Se eu sobreviver a este dia (21.11), terei muita coisa para contar...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Vinho da Semana - Kaiken Ultra Malbec 2006

** Kaiken Ultra Malbec 2006**
Produtor: Kaiken

Origem: Mendoza - Argentina
Uvas: Malbec
Safra: 2006
Importadora no Brasil: Vinci
Preço Aproximado: R$ 72,00






Kaiken é um projeto de Aurélio Montes, fundador da famosa vinícola chilena Montes, que produz alguns dos melhores vinhos do Chile. Ele resolveu atravessar os Andes e produzir vinhos em Mendoza, apostando no terroir Mendocino. Ele foi eleito O melhor Malbec da Argentina pela revista Decanter e ainda foi o grande vencedor de uma prova com mais de 120 dos melhores vinhos do país feitos com Malbec, recebendo nota máxima: 5 Estrelas. Além disto, levou nada menos do que 91 pontos de Robert Parker. Um excepcional custo-benefício, que expressa bem o poder da Malbec Argentina, e que tem a madeira no toque certo e bastante alcool: 14%. Mas é delicioso!

Para correr, é preciso andar primeiro.

Muita gente tenta produzir um Pinot Noir de destaque. Mas se esquece de que, para alcançar o nível top, é preciso antes fazer um vinho básico.
Já se passaram quase quatro anos desde a estréia mundial de Sideways. Vocês se lembram desse filme? Aquele que foi responsável pela ascensão da Pinot Noir como uma variedade imprescindível? Uma hora e 26 minutos de filme que fizeram com que as vendas de Pinot Noir saltassem nas vendas como nunca em sua história. Claro que o “fenômeno” Sideways decantou, mas deixou um rastro de influência que é perceptível em todos os lugares. Na costa chilena, nos vales de Casablanca e San Antonio.No deserto de Mendoza ou nas planícies da Patagônia. Aí, nessas zonas da América do Sul, o boom também chegou com força. Todos quiseram e querem fazer da Pinot Noir uma grande cepa, um vinho que sobressaia nos rankings. E do esforço pré e pós Sideways, é possível tirar conclusões.

A primeira é o otimismo. Hoje, a Pinot Noir está muito melhor do que há cinco anos.

Na Patagônia, a Vinícola Chacras está lançando vinhos que não tinham alcançado um nível similar na Argentina, enquanto que no Rio Negro, Humberto Canale continua insistindo por resultados melhores. A Cono Sur, no Chile, faz um trabalho “maratônico” para se erigir como um grande produtor (pelo menos em quantidade). E tem conseguido. Como também conseguiu fazer com que o vinho Ócio (seu “top”) decolasse com a safra de 2006, constituindo o melhor Pinot que essa vinícola já produziu. A Villard, enquanto isso, consagra-se como uma referência neste lado do mundo. E seguem os exemplos: No Chile, perto da costa do Pacífico, a Viña Leyda e a Garcés Silva são dois produtores ambiciosos, que estão fazendo vinhos muito bons, do mesmo nível dos produzidos por Casa Marín, Kingston e Viña Casablanca. Na Argentina, talvez em razão do clima, ainda não se encontram grandes Pinot Noir na área de Mendoza. Há tentativas, como Salentein, Luca, La Célia e Alamos – todos vinhedos de boa altitude, com clima mais frio, em que essa inconstante varietal pode amadurecer mais lentamente. Avanços foram feitos, porém, há algo que me preocupa. Via de regra, em especial no Chile, as vinícolas que se comprometem a fazer um bom Pinot Noir miram muito alto. Vinhos, na maioria, com grande presença de madeira e também com uma estrutura potente oriunda de vinhedos nos quais a produção por planta é mínima. No fundo, são vinhos feitos para impressionar.

Insisto na idéia de aprender a caminhar, antes de querer correr. Ainda que exista um pequeno lote de Pinot Noir interessante (e caro), o mesmo não acontece nas categorias média e baixa. Fica a sensação de que todos os esforços são feitos para se criar um grande vinho com base em barricas selecionadas. Mas, abaixo disso, nada. O desejo de imitar um Grand Cru da Borgonha antes de, primeiro, dedicar-se a obter o nível de um Village. Eu gostaria de provar frutas de primeira qualidade, nascidas nos melhores vinhedos, sem passar por madeira, sem macerações assassinas que anulam a delicadeza da cepa. Por que não fermentar em madeira velha? Por que não usar a cementação em vez dessas supercubas de aço especialmente adaptadas para extração abundante de fruta e taninos? Para pintar como Picasso, primeiro é preciso aprender a desenhar figuras humanas. Não se pode chegar ao final do campeonato sem ter passado pela primeira rodada.


Por: Patrício Tapia - Revista Prazeres da Mesa

sábado, 1 de novembro de 2008

Dicionário das Uvas - Pinot Noir

Uma uva delicada. Esta é a melhor expressão para descrever esta variedade tinta. Típica da região da Borgonha (França). A Pinot Noir é responsável por alguns dos melhores vinhos tintos do mundo. Já foi plantada em muitos outros paises, mas fora de seus "terroirs" originais não tem desempenho que chegue aos pés das origens. Tem sim bons vinhos em outros locais, mas não chegam aos pés dos Borgonhas. Os vinhos de Pinot Noir podem dar também vinho branco quando suavemente macerada; combinada com a Pinot Meunier e Chardonnay, formam por excelência, as castas originais do champagne.
Seus vinhos mais famosos são os Côtes de Beaune, Nuits-St.Georges, e o astro de todos, o Romanée Conti. No Novo Mundo, tem-se conseguido bons vinhos Pinot Noir na Califórnia, no Chile, e na Nova Zelandia.

São em sua maioria, deliciosos vinhos de coloração rubi, com clareza translucida, mas com sabor e aroma marcantes, puxando a cerejas, ameixas frescas, umas notas de cassis.Por seu corpo médio, o ideal é que hamonizemos com comidas mais leves e queijos não tão fortes. Uma boa pedida para o verão, se quiserem variar dos brancos e rosés.

Vinho da Semana - Carabantes 2005

** Carabantes 2005**
Produtor: Viña Von Siebenthal
Origem: Valle do Aconcágua - Chile
Uvas: 85% Syrah, 10% Cabernet Sauvignon e 5% Petit Verdot
Safra: 2005
Importadora no Brasil: Terra Mater
Preço Aproximado: R$ 135,00

Recentemente estive no Chile e aproveitei minha ida ao Valle do Aconcágua para conhecer esta pequena vinícola de um Suíço que resolveu se mudar para o Chile e produzir vinhos a prtide de 1998. Ótimos vinhos por sinal
Este vinho é um corte predominantemente de Syrah e enche a boca de verdade. Ocupa todos os sentidos de nossas papilas gustativas e por isto se mostra bem complexo e "suculento". Frutas vermelhas muito presentes e madeira na medida certa. Dá para envelhecer mais na adega, mas apesar de novo, já pode ser tomado. E muito bem tomado!