segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A VACA NA CIDADE


Na época deste causo eu trabalhava na Lew, Lara e sentava em um mesão privilegiado. Sentavam, entre outros coitados que tinham que agüentar a bagunça: Marcio Oliveira, Vice Presidente de Atendimento e Operações da agência, o conhecido “Bochecha”. Um cara “chato” pra burro que quando estava inspirado, começava a fazer e cantar musiquinhas sem graça para as pessoas, mas seu alvo preferido sempre foi o Forli, um caipira de Presidente Prudente, que nunca deixou muito clara a sua preferência sexual. Nada contra, sem preconceitos, mas ele era meio esquisito mesmo. Mas um cara gente boa, amigo e acima de tudo, engraçado. Ao lado do Forli, o Kalef, Corinthiano roxo e com uma qualidade superlativa: Era tão bem humorado que seu apelido chegou a ser “ranzinza”. Dá pra imaginar? Depois vinha o minhoca. O minhoca, que foi registrado com o nome de Hamilton era um cara super discreto e que falava sempre muito baixo. Quase não dava para ouvir quando ele falava com as pessoas. Era muito tímido, coitado. E por fim, além da minha pessoa, tinha o Daniel Jotta. Bambi ou Balboa, como era conhecido, pois quase não distribuía porradas pela agência. Um italianinho super calmo que tinha um tênis Puma preto e branco envernizado, que ia sozinho da casa dele para a agência, de tanto que ele usava. Não vou falar deles todos neste causo, mas é importante já conhecê-los pois alguns deles farão parte de outros. Este especificamente terá a presença do Daniel, que foi comigo a uma degustação na Enoteca Fasano. Saímos da agência no meu carro, como sempre, lá pelas 19:30 e fomos até o local. Lá degustamos excelentes vinhos feitos da uva Malbec, que era o tema da degustação. A Malbec é uma uva francesa que encontrou favoráveis condições de crescimento na Argentina, pelo clima e pelo solo e não há duvidas de que a Malbec Argentina é umas das uvas mais interessantes e de maior sucesso no mundo e principalmente no Brasil, aonde seus vinhos ganharam bons espaços nas gôndolas de supermercados e importadoras. Sua coloração intensa, seus aromas criam vinhos de textura aveludada e agradável sabor. Quando estes vinhos são envelhecidos em barris de carvalho, eles ganham ainda mais complexidade e corpo e com isto, acabamos tendo vinhos bem interessantes, alguns deles brigando com grandes nomes do velho mundo em concursos espalhados pelo mundo.
Voltando ao cuaso...
O Daniel, apenas para explicar um pouco, nunca foi muito ligado ao vinho. Bebia quando tinha em algum evento, jantar, coisa e tal, mas nunca o teve como Hobby. Mas hoje posso dizer que ele está aprendendo a diferença entre um Brunello, um Barollo e um Sangue de Boi...
Já imaginava que iria dar boas risadas ao leva-lo lá, mas não imaginei que seria tanto. Enquanto todos os presentes faziam caras e bocas tentando descobrir os aromas, buquês e sabores de cada vinho, o Daniel ria, fazia também caras e bocas, porém, tirando barato da cara dos outros e no final, ao ser perguntado pelo Sommelier o que tinha achado, acabava repetindo o que a maioria tinha dito, para não ficar feio. Mas depois de falar, virava-se para mim e dizia: “Frutas pretas, couro velho, carvalho americano? Tá todo mundo louco! Tem gosto de vinho mesmo. Vinho é vinho e tem gosto de vinho!” E assim fomos até o final, rindo, bebendo e cada vez mais alcoolizados. Imaginem ainda que tinha uma mexicana que falava um português meio enrolado. Preciso falar que no final não entendíamos absolutamente nada do que ela falava?Ao sair de lá, a surpresa: Depois de dirigir alguns metros, na primeira esquina tinha uma vaca, daquelas que encheram a cidade na Cow Parade. Nós, completamente sem noção, abrimos a janela do carro e gritamos para os manobristas que estavam perto da vaca, com um tom meio amedrontador, como se algo realmente fosse acontecer a eles: “Ei amigo, cuidado que tem uma vaca correndo aí ao lado. Corram senão ela vai pegar vocês!” Não preciso dizer que mal conseguia guiar depois de tanto rir e que até deixar o Daniel na casa dele, gritamos e assustamos todos os coitados que andavam pelas ruas naquela hora. Não sabia que vinhos causavam alucinações...rsrs.

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