sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Vinhos numa noite de Helenas


No dia 16 de Junho deste ano tive o grande prazer de participar de um “Wine Dinner” promovido pela Wine School, do apaixonado enófilo Ricardo Bohn Gonçalves. Foi uma degustação como sempre muito bem dirigida por ele, mas com a presença do simpático e competente enólogo-chefe da vinícola Santa Helena, Matias Rivera. Rivera, um simpático chileno que apresentou alguns dos vinhos que a vinícola produz já é bem conhecido em seu país, foi inclusive eleito o enólogo do ano no Chile em 2007.

A vinícola Santa Helena foi fundada em 1942 e é uma das pioneiras na exportação de vinhos no Chile. Já exportam suas diferentes linhas de vinhos para mais de 40 países. A maioria dos vinhedos está localizada no Vale do Colchagua e as variedades de cepas que mais cultivam são Cabernet Sauvignon, , Merlot, Carmènere, Sauvignon Blanc, Chardonnay, Syrah, e tem também alguns estudos com a Malbec, variedade típica de nossos hermanos argentinos, mas que já anda dando bons frutos no Chile. Em 1994, a companhia foi adquirida pela holding CCU, que detém marcas de cervejas, água mineral entre outras.
Voltando ao evento: Quando me chegou o e-mail do Ricardo anunciando o evento, olhei a data e por uma feliz coincidência, ela caía no dia 16 de Junho, dia do aniversário de minha mulher, uma outra Helena! Pronto. Foi a deixa para podermos definir o que faríamos para comemorar seu aniversário. Aproveitei e convidei meu pai, sempre presente e disponível para este tipo de evento com sua sempre companheira esposa e meus excelentíssimos sogros. Todos amantes do vinho, claro!

Começando a noite, o único branco do evento, um Chardonnay Seleccíon Del Directorio 2006. Um vinho equilibrado, agradável, fresco e que impressiona, principalmente quando olhamos o preço (R$ 36,00). Passando para o próximo vinho, o Reservado Gold Merlot 2006, uma grata surpresa: Para quem esperava um vinho simples, jovem, alcoólico e pouco persistente, surpreendeu-se! Um vinho de R$ 25,00, redondo, macio, leve e frutado na medida certa, preservando as características típicas da Merlot, com um leve, mas perceptível toque de madeira, proveniente de seu estágio em barricas de carvalho. Para mim, que nunca havia tomado este vinho, foi a grande surpresa da noite e que comprova mais uma vez que vinhos de preços mais acessíveis não significam necessariamente vinhos de má qualidade.
Entre um vinho e outro, lá estava Matias respondendo simpaticamente a todas as perguntas e até de vez em quando tirando onda conosco, brasileiros que haviam visto no dia anterior o desastre de nossa seleção na derrota para o Paraguai pelas eliminatórias da Copa do Mundo. Mas aquela não era hora de lembrar de coisas deste tipo. Voltando aos vinhos, que naquela hora era o melhor a ser feito mesmo por aqueles que queriam afogar suas mágoas do jogo de domingo, tivemos o Vernus Blend 2004, um corte de Cabernet Sauvignon como base, que tem ainda um pouco de Merlot e um restante de Carmanère. O Carvalho Francês, onde estagiou durante aproximadamente 12 meses é bastante presente, mas não em excesso, o que deixa o vinho bem estruturado e consistente. Outro belo vinho, principalmente com relação ao custo (R$ 60,00). Nesta faixa de preço ele certamente entrega mais qualidade que muito outros vinhos que temos por aí. Na fase final da degustação, as 2 estrelas da noite, um deles que não havia tomado ainda. O Notas de Guarda Cabernet Sauvignon 2002 eu já conhecia e sabia que era um excelente vinho. Encorpado, é um vinho marcante e fica na boca depois por um bom tempo. O preço mais alto (R$ 130,00) talvez assuste um pouco algumas pessoas, mas ele vale o que custa. Por último, como sempre, o astro da noite: D.O. N 2002, que é um corte de Cabernet, Merlot e Carmenère, com grande predominância da primeira cepa. Um vinho potente, de ótimo retrogosto, um nariz muito marcante, mas um preço mais salgado que os outros (Aproximadamente R$ 250,00).
Encerrando a agradável noite de aniversário e de muitos vinhos, uma maravilha de prato para harmonizarmos com o restante dos vinhos que cada um tinha na taça, se é que todos guardaram algo nas taças... : Um Parmantier de pato confit com purê de batata gratinado e mini legumes ao molho agri-doce e como sobremesa manga e abacaxi caramelados com sorvete de baunilha. Um prato deliciosamente harmonizado principalmente com o D.O. N, encerrando a noite com chave de ouro.

Uma noite com excelentes vinhos, dentre eles a grata surpresa do Reservado Gold Merlot, um excelente jantar, um “mestre de cerimônias” como sempre perfeito e atencioso, um enólogo extremamente carismático, profissional e conhecedor do que faz e como não poderia deixar de ser, companhias mais do que agradáveis da família, em especial da aniversariante da noite: uma das Helenas do evento.

PS: Os preços aqui citados são aproximados, podendo variar de acordo com o local.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Vinho da Semana - DV Catena Cabernet Malbec 2005

** DV Catena Cabernet Malbec 2005**
Produtor: Catena Zapata
Origem: Mendoza - Argentina
Uvas: TourMalbec e Cabernet Sauvignon
Safra: 2005
Importadora no Brasil: Mistral
Preço Aproximado: R$ 67,65





DV Catena é uma das novas linhas de vinhos premium de famosa vinícola argentina Catena Zapata. Este vinho é elaborado com um dos mais emblemáticos cortes argentinos, combinando a tradicional Malbec com a famosa e tão difundida Cabernet Sauvignon. O resultado é um vinho bem aromático, bem estruturado, mas fácil de beber. A madeira é presente no vinho, mas sem excessos. Não precisa decantar e nem esperar muito para beber. Um vinho que mostra bem o nível de qualidade Catena Zapata.

Vinho Potável

Um inusitado incidente ocorreu no último domingo, durante a abertura da 84ª edição da Festa da Uva de Marino (Itália) - a mais famosa festividade do estilo no país. Tradicionalmente, para marcar o início da Festa, milhares de moradores fazem uma contagem regressiva ao redor da Fonte dei Quattro Mori, no centro da cidade, para ver a "transformação da água em vinho", quando a fonte passa a jorrar, ao invés de água, uma boa qualidade de vinho branco. Todos os anos, a Fonte é abastecida com barris de três mil litros de vinho para garantir o sucesso das celebrações. No entanto, os responsáveis pelo abastecimento das fontes de água espalhadas pelas ruas da cidade giraram a alavanca errada no momento da abertura da Festa e, em vez de enviarem vinho para a Fonte, mandaram a bebida para casas da cidade.


Algumas donas de casa de Marino - que possui cerca de 40 mil habitantes - estranharam o odor familiar que saía das torneiras e foram as primeiras a notar que não se tratava de água. Uma moradora estranhou o cheiro quando limpava o chão de sua casa. Mas não reclamou, porque considerou o odor agradável. O mesmo ocorreu em outros condomínios. Muitos acreditaram se tratar de um milagre da Virgem do Rosário, a padroeira da Festa da Uva mais famosa da Itália.Sem saber o que se passava nas casas, milhares de moradores, que aguardavam ansiosos a abertura das festividades com copos de plástico nas mãos, se decepcionaram ao ver jorrar da Fonte nada mais do que água. As autoridades avisaram que o problema seria solucionado o mais rápido possível e, depois de dez minutos, o vinho começou a jorrar da Fonte normalmente. Segundo o prefeito de Marino, Adriano Palozzi, ainda não se sabe a quantidade exata de vinho que foi desperdiçada. De acordo com ele, o incidente ocorreu devido a uma falha humana, que deve ser minimizada. "Foi um erro técnico não previsto, que acabou se transformando numa coisa simpática para as pessoas", disse o prefeito à BBC Brasil. "É uma coisa que pode acontecer, porque o trabalho é todo feito manualmente", afirmou. "Resolvemos tudo em poucos instantes sem ocasionar qualquer problema para quem estava na festa e para quem ficou em casa naquele momento", disse Palozzi.




Fonte: BBC Brasil

domingo, 12 de outubro de 2008

Dicionário das Uvas - Cabernet Sauvignon

Este será o primeiro post sobre este tema que resolvi começar a fazer, para que possamos sempre aprender um pouco mais sobre as principais variedade de uvas usadas para fazer vinhos de qualidade,as chamadas Vitis Viníferas.
Então, nada melhor que começar com uma das mais famosas, conhecidas e difundidas no mundo: Cabernet Sauvignon.
A Cabernet Sauvignon é originária da região de Bordeaux, no sudoeste da França, ela é a uva vinífera mais difundida no mundo, encontrando-se em zonas temperadas e quentes. É conhecida como "a rainha das uvas tintas".
Ela apresenta uma vasta gama de clones e apresenta vinhos com uma grande complexidade aromática e se trata de uma uva muito versátil, podendo-se elaborar desde vinhos jovens e vinhos de guarda, até espumantes.
Caracteriza-se por taninos densos, cor profunda devido à sua casca de cor escura, complexos aromas de frutas e elegante estrutura.

Sua maturação é tardia e se plantada em um solo muito fértil e um clima demasiado quente, o vinho pode "açucarar" e faltar.

Seus armoas, quando em vinhos jovens, lembram cassis e nos vinhos de guarda a madeira é bem
presente.

Ela se deu muito bem na maioria dos países vitivinícolas, inclusive no Brasil, mas em especial no Chile, na Califórnia (USA), sem falar obviamente do país que ela nasceu, a França. Aliás, misturada com Cabernet Franc ou Merlot ela dá os famosos vinhos de corte bordalês, que hoje é muito imitado nos países do Novo Mundo.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Vinho da Semana - Dão Porta dos Cavaleiros Reserva 1996

** Dão Porta dos Cavaleiros Reserva 1996 - Caves São João **
Produtor: Caves São João
Origem: Região do Dão - Portugal
Uvas: Touriga nacional, Aragones, Alfrocheiro e Gaen
Safra: 1996 ( A Imagem abaixo é da safra 2002)
Importadora no Brasil: Vinci Vinhos
Preço Aproximado: R$ 65,00






Bebi este vinho há algumas semanas atrás no novíssimo restaurante Arturito e ele me supreendeu pelo custo-benefício. É um típico português, amadeirado (Mas não aquela madeira"baunilha e chocolate" dos vinhos que o Parker gosta). Uma madeira bem ao estilo português, na medida certa. Equilibrado e apesar da idade, ainda se mostra com um bom corpo e um possível potencial - não muito grande - de guarda. Pra quem gosta de um típico Português, é um prato cheio!!

Vinho Desafio

Amigos,
A Cantina e Enoteca Materello costuma realizar todas as 3as. Feiras degustações temáticas em sua cantina. São degustações sempre muito bem dirigidas e que costumam ter bons vinhos e grande descobertas. Porém, desta vez, Vitor Lotufo, dono do Materello resolveu ter uma idéia nova e que promete ser bem ineteressante. É o Vinho Desafio. Uma nova proposta, uma brincadeira, mas uma brincadeira didática. Este priemiro evento é uma experiência piloto, que se der certo vai entrar em nossas programações. A proposta é a seguinte: As pessoas degustarão quatro vinhos diferentes às cegas. Cada um receberá uma papeleta que deverá ser preenchida respondendo a perguntas visando a adivinhação de que vinhos foram servidos. Por exemplo: A amostra de vinho número 1 é vinho produzido no novo mundo (América, África ou Oceania), no velho mundo (Europa) ou no velhíssimo mundo (Ásia), a resposta certa vale 1 ponto e assim por diante, de que país é o vinho, de que região, de que uva etc. No final da degustação serão revelados os vinhos, quem fizer mais pontos ganhará um prêmio, que por hora será um prêmio simbólico, pois pretendemos no caso da experiência der certo, arrumarmos um patrocinador. Será permitida a participação também em grupo (escuderias), logicamente o prêmio será dividido. A degustação será dirigida por um mediador que poderá responder às perguntas dos presentes, mas suas respostas serão dirigidas à todos os presentes e o mediador também não saberá que vinhos estão sendo degustados.
Quando? Próxima quinta feira, dia 9 de outubro, às 20:30 horas na Enoteca e Cantina Matterello, rua Fidalga, 120 tel 3813-0452. O evento será gratuito e não é preciso inscrição prévia, mas é necessária a pontualidade.

Uma pegadinha de mestre

A Revista Época desta semana traz uma matéria sensaconal para aqueles que criticam a influência que determinadas publicações de vinhos tem no mercado e nos preços dos vinhos.
Um enólogo americano resolveu criar um restaurante fictício para testar a revista Wine Spectator e a premiação que ela concede às melhores cartas de restaurantes. E qual não foi a surpresa quando ele recebeu um e-mail da revista dizendo que ele foi premiado. Mas como é que premiam um restaurante que não existe e uma carta que também não existe? E pior: Uma carta que tinha muitos rótulos que já haviam sido execrados pela revista anos atrás!
Sem mais enrolações, abaixo parte da matéria. Para assinantes, a matéria pode ser lida na íntegra no http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI14100-15254,00-COMO+ENGANAR+OS+ESNOBES.html ou ser encontrada na Época, edição 542 de 06 de ?Outubro de 2008.

"O restaurante italiano Osteria L’Intrepido poderia pendurar numa parede o prêmio que ganhou da prestigiosa revista de enologia The Wine Spectator, a mais influente do mundo quando o assunto é vinho. Só que o restaurante não tem parede. Ele nunca existiu. Isso não impediu que a revista o premiasse com o Award of Excellence, reconhecendo as qualidades de sua carta de vinhos – um diferencial que eleva o prestígio e pode incentivar a clientela a provar rótulos mais caros, ainda que pouco conhecidos. A adega fictícia saiu da imaginação do enólogo americano Robin Goldstein. Ele queria pôr à prova os critérios de seleção dos concursos que determinam o sucesso ou o fracasso de vinhos e de restaurantes. “A idéia era desmistificar especialistas e concursos enológicos que ditam o que é melhor para o consumidor”, disse Goldstein em entrevista a ÉPOCA.
Ter conquistado o prêmio já seria motivo suficiente para expor ao ridículo os critérios da Wine Spectator. Mas Goldstein fez mais. Entre os 256 rótulos da premiada carta de vinhos do Osteria L’Intrepido, supostamente situado em Milão, no norte da Itália, havia uma seleção estrategicamente desastrosa. Goldstein escolheu apenas vinhos caros – e condenados pela própria Wine Spectator nos últimos 20 anos. Um Amarone Classico “Gioé”, safra 1993, com preço equivalente a R$ 305, havia sido criticado pela revista por ter “caráter de solvente de tinta e esmalte de unha”. O Cabernet Sauvignon “I Fossaretti”, safra 1995, fora descrito como tendo “gosto metálico e estranho”.
Como a revista caiu na armadilha? O truque de Goldstein foi providenciar um número telefônico em Milão com uma gravação em que o restaurante avisava estar fechado para obras. O enólogo ainda criou um blog para o restaurante (http://osterialintrepido.wordpress.com/) e postou comentários falsos em fóruns de enologia. Assim, o L’Intrepido aparecia no buscador Google, mesmo sem existir. Isso bastou para que os críticos da Wine Spectator acreditassem que o restaurante era real. “Não visitamos cada um dos restaurantes que participam de nossa premiação”, afirmou Thomas Matthews, editor-executivo da revista. “Prometemos avaliar a carta de vinhos e, quando recebemos a inscrição, assumimos que o restaurante existe”. Isso não justifica premiar uma carta de vinhos que oferece rótulos com gosto de esmalte de unha e inseticida. Entende-se a gafe ao conhecer a natureza dos prêmios criados pela publicação. Eles surgiram em 1981, quando concursos do tipo eram raridade nos Estados Unidos. De lá para cá, se transformaram num negócio que rende milhões de dólares para a revista.
Cerca de 4.500 restaurantes de todo o mundo se inscreveram no concurso deste ano – e apenas 319 não foram premiados. Cada inscrição custa US$ 250. Só com as candidaturas, a receita ultrapassou US$ 1 milhão. “E, quando você vence, eles ligam oferecendo espaço para anúncio”, diz Goldstein. A polêmica ganhou réplica e tréplica no site da revista e no blog do falso restaurante. “Sim, fomos enganados. Mas esperamos que os amantes de vinhos continuem usando nosso guia para encontrar restaurantes e compartilhar sua paixão pelo vinho”, disse Matthews, em defesa da Wine Spectator. “É contraditório a revista premiar uma carta de baixa qualidade, com vinhos mal avaliados pela própria publicação”, diz Manoel Beato, sommelier do restaurante Fasano e autor do Guia de Vinhos Larousse."

Trecho do e-mail recebido pelo "restaurante":
“Dear Restaurant Award Winner: Congratulations, your restaurant has been selected as a Wine Spectator 2008 Restaurant Award winner! All award winners will be listed in our Annual Dining Guide, published in the August issue of Wine Spectator, and will be mentioned in our restaurant database and online at
www.winespectator.com. I am writing to ask if you have an interest in publicizing your award by placing an ad in the upcoming Restaurant Award issue. We will be creating a special advertising section where ads will receive premium positions located in the Restaurant Dining Guide. Space closes on Friday, June 6th. Special rates start at only $3,090 for a 1/8 page 4-color. The rate card and additional information can be viewed here: http://www.winespectator.com/2008RestaurantAwardRateCard. If you are interested, it’s a good idea to contact us as soon as you can to get the best possible position adjacent to your state. If you have any questions feel free to contact me.”

domingo, 5 de outubro de 2008

Marketing Boca a Boca (Turbinado)!!

Este texto abaixo foi escrito por mim em Setembro 2007 e logo depois de terminar, enviei ao Washington, para que ele pudesse ler, já que é um grande e notório apreciador de vinhos. E não é que ele resolveu colocar o texto no Blog dele (http://bloglog.globo.com/washingtonolivetto/) ???
Confesso que por isto ele passou a ser um dos meus textos mais "queridos"... Leiam abaixo e espero que gostem.
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André Rossi é um dos mais jovens diretores de atendimento da W/Brasil e do mercado publicitário. E um rapaz corajoso. Extremamente corajoso.
Prova disso é que ele resolveu aceitar a minha oferta para que o pessoal da W/ escrevesse no meu blog e optou pelo tema “vinhos”. É preciso ser muito corajoso para escrever sobre vinhos num blog que tem a família do Boni no comando.

Washington Olivetto

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Recentemente, li no blog do respeitadíssimo e competente Saul Galvão que a “marqueteira“ classificação Cru Bourgeois não poderá ser mais utilizada nos vinhos provenientes da região de Bordeaux, França. Num post logo depois deste, havia um complemento do próprio Saul dizendo que alguns produtores franceses, preocupados com suas vendas, já estão procurando um jeitinho para garantir a sobrevivência da expressão Cru Bourgeois, pois acham que, sem essas classificações em seus rótulos, suas vendas tenderão a cair.

Concordo com a preocupação desses produtores, uma vez que desde 1855, quando apareceu a primeira lista com a hierarquia dos principais tintos da região do Médoc, alguns produtores se apoiaram nessas classificações e passaram a vender seus vinhos por preços mais altos. Agora, com a proibição de utilizar essas classificações, os produtores terão que se preocupar muito mais com a qualidade dos seus vinhos do que com as classificações em que se encaixam. E, na minha opinião, isso pode ser benéfico para todos nós, apreciadores, pois poderemos ter vinhos de melhor qualidade.

Não quero dizer que os vinhos que têm suas classificações hoje sejam ruins ou que não as mereçam. Não quero aqui colocar à prova nomes já consagrados e que estão acima do bem e do mal, como Château Mouton-Rothschild, Château Lafite Rothschild, Latour ou Margaux, entre outros. São vinhos lendários, que atravessam gerações e não perdem a nobreza porque têm suas qualidades rigorosamente controladas e cuidadas. São vinhos únicos, que não merecem ser submetidos a comparações com outros vinhos.

Quando eu digo que acho que o resultado dessa ação judicial de tirar essas classificações dos rótulos pode nos beneficiar, digo isso porque agora, sem elas, os châteaux vão precisar conquistar o paladar dos consumidores 100% pela qualidade de seus vinhos e não por pertencerem a uma ou outra classificação. E vinho que é bom vende. Tenho certeza disso! As pessoas comentam, os críticos atentam a eles, e por aí vai. Nesse processo literalmente boca a boca, os bons vinhos vão ser os grandes beneficiados e vão poder comprovar suas qualidades. E essa, na minha opinião, será a grande prova para esses vinhos. Saberemos realmente quem é quem.

Como já disse, não sou contra essas classificações, mas acho que elas devem ser feitas apenas para indicar as procedências dos vinhos, como ocorre, por exemplo, na Itália, na Espanha, em Portugal e, mais recentemente, até mesmo no Brasil. Na Itália, as denominações DOC (Denominazione di Origine Controllata) e DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita) são as mais importantes. E isso não significa que os vinhos IGT (Indicazione Geográfica Típica) ou outros que não têm essas denominações sejam inferiores. Um exemplo disso são os chamados Super Toscanos. Essa denominação começou nos anos 70, quando alguns produtores decidiram criar um novo estilo de vinho produzido ou fora da zona do Chianti, ou com suas uvas misturadas a outras variedades, como Cabernet Sauvignon, Merlot etc., que não eram aceitas pelas regras DOCG para o Chianti. Dois exemplos de Super Toscanos são os sensacionais Solaia e Sassicaia. Ou seja: não ser DOC ou DOCG não muda nada para eles, porque são excelentes vinhos e passaram no teste boca a boca dos apreciadores e críticos.

Até mesmo o Brasil, que ainda engatinha na produção de vinhos de alta qualidade, apesar de alguns bons rótulos premiados e reconhecidos lá fora, já tem sua denominação de origem reconhecida pela União Européia: Vale dos Vinhedos (RS). No Brasil, diferentemente de outros países, nos quais as regras são mais rígidas, os produtores têm mais liberdade para escolher as uvas e os tipos de vinho. Os vinhos do Vale dos Vinhedos devem ser feitos com uvas da região (vinificadas lá mesmo) e aprovados por uma comissão de especialistas.

Acho que essas indicações que determinam a origem dos vinhos são sempre benéficas e importantes para o mercado. Outras classificações, na minha opinião, são meras jogadas de marketing para vender mais. Não sou contra o marketing. Pelo contrário: sou totalmente a favor, afinal, publicitário que sou, preciso do marketing das empresas para sobreviver... Mas que o marketing venha para o bem do mundo do vinho, que ele venha para evidenciar os grandes vinhos, pois eu tenho uma teoria muito clara em minha cabeça: vinho bom é aquele que passa no teste boca a boca, ou seja, vinho bom não precisa de marketing.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Uma boa combinação: Vinho e Leão

Resolvi escrever este post pois ele fala de 2 coisas que gosto muito: Vinho e Propaganda.

Este ano no festival de Cannes, aonde são premiados os melhores trabalhos da propaganda mundial, 3 peças criadas pela Lew'Lara\TBWA chamaram a atenção dos jurados e levaram Leão de Bronze na Categoria Outdoor. Foram criadas para a importadora De La Croix (http://www.delacroixvinhos.com.br/), uma importadora nova no Brasil, mas que está trazendo preciosos rótulos, de pequenos produtores franceses, todos alinhados sob os mesmos princípios: Produzir somente vinhos orgânicos ou biodinâmicos. Basicamente isto quer dizer que são vinhos "naturais" sem a presença de aditivos químicos e além do respeito ao terroir e às suas características originais, a colheita é feita sem a utilização de máquinas (em muitos casos utilizam-se cavalos!) e ainda uma série de normas com relação à conservação, ao engarrafamento, às rolhas e até à limpeza da cantina.

Pois bem, estas peças, que estão abaixo, são auto-explicativas e muito interessantes. O título das peças é "Vinhos 500 metros mais baratos." E assina "De La Croix. Importadora de vins de garage." Espero que gostem assim como os jurados de Cannes gostaram...














quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A Disney dos Enófilos

Recentemente o Empório Santa Maria, que foi comprado pela rede St. Marché e fez uma bela reforma, lançou uma novidade que está dando muita mídia e muito o que falar com os enófilos espalhados por nossa capital. Eles importaram a italiana ENOMATIC, que nada mais é que uma máquina que tem garrafas de vinhos organizadas e enfileiradas com um sistema de preservação a nitrogênio, em que as bicas emitem doses de vinho que variam de 30ml, 60ml e 120ml. Até aí, muito se parece com aquelas máquinas que encontramos em restaurates que servem vinhos em taça. Mas ela não é apenas isto. Ela funciona com um cartão "pré-pago" com chip e que vc gasta como e com que vinho quiser. Ela tem capacidade para 48 rótulos e conservam os vinhos por até 30 dias depois de aberta a garrafa. Detalhe importante: Os vinhos são servidos em taças Riedel...! Isto é excelente para aqueles que querem experimentar um determinado vinho, mas não estão dispostos a gastar por uma garrafa. E principalmente para os que querem variedade, mas sem precisar se preocupar com os altos preços das garrafas. E serve também para os que não querem pagar R$ 300,00 por uma garrafa de um Brunello Casanova di Neri 2002, mas podem desembolsar R$ 13,00 por um gole deste vinho na ENOMATIC. É ou não é algo muito próximo de uma Disneyworld dos enófilos?

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Vinho da Semana - Coyam 2004

** Coyam 2004 **
Produtor: Viñedos Emiliana (VOE)
Origem: Valle do Colchagua - Chile
Uvas: Merlot, Carmenère, Cabernet Sauvignon, Syrah e Mouvèdre
Safra 2004
Importadora no Brasil: Magna Import
Preço Aproximado: R$ 110,00


Conheci este vinho por indicação de um amigo meu, que voltou do Chile falando maravilhas dele. Ele é produzido pela tradicional vinícola Emiliana, que está com um projeto interessante, o VOE (Viñedos Organicos Emiliana) que produz vinhos orgânicos e biodinâmicos (Depois escreverei algo sobre este assunto, que anda bastante em evidência). O 2002, foi eleito o melhor do Chile durante o "1st Annual Wines of Chile Awards" realizado em dezembro de 2003.
Este 2004 já está muito bom, por mais que ainda possa envelhecer bem na garrafa. É um
corte de Merlot, Carmenère, Cabernet Sauvignon e Syrah com uma pitada de Mouvedre. Envelhece 12 meses em barricas novas de carvalho francês. Ele é bem concentrado, complexo e podendo respirar um pouco antes de beber, melhor, pois ele abre bem os aromas e fica ainda melhor! Saúde!

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A VACA NA CIDADE


Na época deste causo eu trabalhava na Lew, Lara e sentava em um mesão privilegiado. Sentavam, entre outros coitados que tinham que agüentar a bagunça: Marcio Oliveira, Vice Presidente de Atendimento e Operações da agência, o conhecido “Bochecha”. Um cara “chato” pra burro que quando estava inspirado, começava a fazer e cantar musiquinhas sem graça para as pessoas, mas seu alvo preferido sempre foi o Forli, um caipira de Presidente Prudente, que nunca deixou muito clara a sua preferência sexual. Nada contra, sem preconceitos, mas ele era meio esquisito mesmo. Mas um cara gente boa, amigo e acima de tudo, engraçado. Ao lado do Forli, o Kalef, Corinthiano roxo e com uma qualidade superlativa: Era tão bem humorado que seu apelido chegou a ser “ranzinza”. Dá pra imaginar? Depois vinha o minhoca. O minhoca, que foi registrado com o nome de Hamilton era um cara super discreto e que falava sempre muito baixo. Quase não dava para ouvir quando ele falava com as pessoas. Era muito tímido, coitado. E por fim, além da minha pessoa, tinha o Daniel Jotta. Bambi ou Balboa, como era conhecido, pois quase não distribuía porradas pela agência. Um italianinho super calmo que tinha um tênis Puma preto e branco envernizado, que ia sozinho da casa dele para a agência, de tanto que ele usava. Não vou falar deles todos neste causo, mas é importante já conhecê-los pois alguns deles farão parte de outros. Este especificamente terá a presença do Daniel, que foi comigo a uma degustação na Enoteca Fasano. Saímos da agência no meu carro, como sempre, lá pelas 19:30 e fomos até o local. Lá degustamos excelentes vinhos feitos da uva Malbec, que era o tema da degustação. A Malbec é uma uva francesa que encontrou favoráveis condições de crescimento na Argentina, pelo clima e pelo solo e não há duvidas de que a Malbec Argentina é umas das uvas mais interessantes e de maior sucesso no mundo e principalmente no Brasil, aonde seus vinhos ganharam bons espaços nas gôndolas de supermercados e importadoras. Sua coloração intensa, seus aromas criam vinhos de textura aveludada e agradável sabor. Quando estes vinhos são envelhecidos em barris de carvalho, eles ganham ainda mais complexidade e corpo e com isto, acabamos tendo vinhos bem interessantes, alguns deles brigando com grandes nomes do velho mundo em concursos espalhados pelo mundo.
Voltando ao cuaso...
O Daniel, apenas para explicar um pouco, nunca foi muito ligado ao vinho. Bebia quando tinha em algum evento, jantar, coisa e tal, mas nunca o teve como Hobby. Mas hoje posso dizer que ele está aprendendo a diferença entre um Brunello, um Barollo e um Sangue de Boi...
Já imaginava que iria dar boas risadas ao leva-lo lá, mas não imaginei que seria tanto. Enquanto todos os presentes faziam caras e bocas tentando descobrir os aromas, buquês e sabores de cada vinho, o Daniel ria, fazia também caras e bocas, porém, tirando barato da cara dos outros e no final, ao ser perguntado pelo Sommelier o que tinha achado, acabava repetindo o que a maioria tinha dito, para não ficar feio. Mas depois de falar, virava-se para mim e dizia: “Frutas pretas, couro velho, carvalho americano? Tá todo mundo louco! Tem gosto de vinho mesmo. Vinho é vinho e tem gosto de vinho!” E assim fomos até o final, rindo, bebendo e cada vez mais alcoolizados. Imaginem ainda que tinha uma mexicana que falava um português meio enrolado. Preciso falar que no final não entendíamos absolutamente nada do que ela falava?Ao sair de lá, a surpresa: Depois de dirigir alguns metros, na primeira esquina tinha uma vaca, daquelas que encheram a cidade na Cow Parade. Nós, completamente sem noção, abrimos a janela do carro e gritamos para os manobristas que estavam perto da vaca, com um tom meio amedrontador, como se algo realmente fosse acontecer a eles: “Ei amigo, cuidado que tem uma vaca correndo aí ao lado. Corram senão ela vai pegar vocês!” Não preciso dizer que mal conseguia guiar depois de tanto rir e que até deixar o Daniel na casa dele, gritamos e assustamos todos os coitados que andavam pelas ruas naquela hora. Não sabia que vinhos causavam alucinações...rsrs.

Mendoza - Mais que bons vinhos


Dizer que a vitivinicultura do novo mundo está caminhando a passos largos em termos de qualidade, é verdade. Dizer que os inúmeros produtores de países como Chile e Argentina, para ser mais próximo de nossa realidade, estão se superando e produzindo vinhos da mais alta qualidade, utilizando métodos modernos, de última geração, também é verdade. Até aí, nenhuma novidade para nós que gostamos muito de vinho e apreciamos esta “arte” de Bacco.
O que me impressionou nos 4 dias que estive em Mendoza no ano passado visitando vinícolas e conhecendo um pouco mais sobre esta linda região abençoada por Deus com lindas paisagens e um clima muito propício para o cultivo das uvas, foi a estrutura que eles têm montada para o enoturismo. As visitas foram todas muito profissionais e além de tudo, esclarecedoras. Os iniciantes e os que nunca ouviram falar sobre o processo de produção do vinho saem das vinícolas com muita informação sobre os processos, os vinhos, os terroirs e tudo que está em volta do vinho. Os que conhecem um pouco mais sobre este mundo, acabam aprendendo mais coisas. E principalmente que eles estão cada vez mais profissionais e procurando extrair de cada terroir, o seu melhor vinho.

Fui em 9 vinícolas, cada uma com uma característica. Pequena, média, grande, artesanal, mecanizada. Vi de tudo. E bebi de tudo. Desde visitas em grupo, como visitas privadas.

Basicamente, fomos a 2 regiões distintas: Maipú e Lujan de Cuyo. Ambas ficam há mais ou menos uns 30 minutos de carro do centro de Mendoza. A grande diferença entre elas: Lujan De Cuyo tem uma lindíssima vista para a Cordilheira do Andes, enquanto que Maipú não. Logo, não preciso nem falar qual é a mais bonita....!

Em Maipú fomos à grande e conhecida Família Zuccardi. Uma bodega moderna, que produz entre outros, ou famoso vinho Santa Julia. Mas os tops da vinícola, o Zuccardi “Z” e o “Q” são imperdíveis. Lá participamos de um curso básico de degustação, aonde tivemos a oportunidade de beber 5 diferentes vinhos, de diferentes linhas e conceitos. 1 branco e 4 tintos, sendo um de sobremesa. Bons vinhos, com estrutura e cada um com sua peculiaridade. O penúltimo, o “Q Tempranillo” é um vinho sensacional, com nariz e boca marcantes. Mas o que me chamou a atenção foi o de sobremesa, o MALAMADO. Seu nome é uma tradução do que ele é: significa “Malbec à maneira do Porto”. É um vinho de colheita tardia feito apenas com Malbec. 19,5° vol de álcool. Muito interessante, lembrando um Porto Ruby. Almoçamos muito bem no acolhedor restaurante da casa de hóspedes, aonde bebemos outros vinhos, todos eles agora da linha Santa Julia.
Depois de um ótimo almoço e bons vinhos, fomos conhecer a La Rural, bodega histórica e antiga da Família Rutini, um dos nomes mais conhecidos na Argentina. A visita é comum, em grupo e a degustação nada de especial. Mas o que vale a pena é conhecer o Museu do Vinho, que fica dentro da bodega, com inúmeros instrumentos antigos, alguns do século passado, usados na produção de vinho. Muito interessante!

Para completar o dia, seguindo a recomendação de nosso motorista, o simpático e prestativo Cláudio, fomos a uma vinícola muito pequena, artesanal, que usa tanques de cimento ao invés de aço inox, chamada Di Tomaso. Fomos recebidos pela esposa do senhor Di Tomaso, uma senhora simpática, que fala com muito paixão e orgulho sobre seus vinhos. Nenhum vinho especial, mas o interessante aqui fica por conta da diferença entre os conceitos de produção de vinho.

Dia seguinte, partimos para Lujan de Cuyo. Primeira parada: Catena Zapata. A visita em si, em grupo não tem nada de diferente das outras. A degustação, que passa por um Alamos Malbec, também não. Mas pode-se comprar outras degustações melhores. O show aqui fica por conta da arquitetura. Logo que se aponta na reta que leva à bodega, vês se um mar de videiras dos dois lados, a vinícola em frente e ao fundo a maravilhosa Cordilheira do Andes, altas e nevadas. Um visual incrível. A bodega em si é como uma pirâmide Maia. Linda! Dentro, é tudo muito funcional, moderno e de muito bom gosto. A sala “vip” de degustação é lá em baixo, dentro da sala de barricas que tem forma de “U”. Muito interessante.

Em seguida, almoço na Carlos Pulenta / Vistalba. A vinícola que produz os excelentes Vistalba Corte A, Vistalba Corte B e o bom Vistalba Corte C, tem um restaurante delicioso, o La Bourgogne. A visita em si foi muito rápida pois estávamos atrasados para irmos à última visita, mas o destaque aqui fica por conta da sala de degustação lá em baixo, que tem uma parede que é feito do próprio solo em que se encontra.

Para terminarmos o dia, fomos à Nieto Sentiner. Uma vinícola grande e conhecida, que produz vinhos de todas as faixas de preço e de gostos. Ao contrário das outras grandes que visitamos, eles não têm tanques de aço inox para fermentação e envelhecimento dos vinhos. São em tanques de cimento também, além das barricas de carvalho. Na degustação, o destaque para mim foi o Bonarda 2004, um vinho excelente e diferente. É uma uva que deu bem em solo argentino, mas que é muito usada para vinhos de corte. Foi o primeiro vinho varietal Bonarda que bebi. Vale a pena!

Nosso último dia de visitas nos reservava muitas boas surpresas! Começando com a bodega premiada, porém ainda pequena, Achaval Ferrer. Recebidos pela cordial e atenciosa Patrícia, conhecemos a bela vinícola, suas salas de fermentação e fizemos a degustação dentro da sala de barricas. Experimentamos 7 diferentes vinhos. Desde o mais básico Achaval Ferrer Malbec, até os seus Tops, os Fincas: Mirador, Altamira e Bella Vista. A diferença entre os 3 “Fincas” são as altitudes e as localizações de cada vinhedo, o que os torna muito diferentes um dos outros. Provamos diferentes safras, algumas diretamente das barricas, que ainda não estão prontos e nem foram ao mercado. Todos sensacionais. E para terminar, eu mesmo peguei uma pipeta e tirei de uma barrica, um experimento que eles estão fazendo atualmente com um vinho de sobremesa. Delicioso!!

Depois desta visita, que na nossa opinião foi a melhor de todas que fizemos, fomos almoçar na Ruca Malen. Uma vinícola média, de vinhos excelentes, principalmente os da linha “Kinien”. O visual do restaurante é incrível: Inteiro de vidro, sentamos numa mesa, aonde víamos o parreiral e ao fundo, novamente, os Andes nevados, com um céu azul límpido, sem nenhuma nuvem. Não dava pra saber o que era melhor: os vinhos, a comida ou a paisagem. O almoço tem 5 pratos. Casa etapa do almoço, um vinho diferente que combina com a comida em questão. Compatibilizações perfeitas que tornaram o almoço incrível. Depois, fizemos a visita à vinícola, também muito moderna e bonita.

Por último fomos à Viña Cobos, há alguns metros de onde estávamos. Não têm uma estrutura ainda para receber visitantes, pois acabaram de construir o local. Foi algo simples e rápido. De todas foi a única que não teria ido se soubesse como era. Mas fui atraído pelos ótimos vinhos que produzes, em especial o Cobos e a linha Bramare.

Ainda faltaram algumas ótimas vinícolas como Salentein, Ortega & Fournier, Carmelo Patti, Chandon, Terrazas e outras mais. Mas certamente se ficássemos mais tempo lá, não voltaríamos em boas condições alcoólicas ao Brasil.

É uma viagem aonde se come e é claro, se bebe muito bem. A terra do Malbec está definitivamente entre as mais bonitas e preparadas para o enoturismo.

Caso queiram contatos de pessoas nestas vinícolas, me falem!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

COMO TUDO COMEÇOU

Ao lado, um Porto Vintage 1976.

Nasci no dia 14 de Dezembro de 1976 em São Paulo, capital. Há 9 dias do Natal, como é todo ano, já é uma época de um clima diferente, de celebrações, de um espírito mais fraternal. Este dia foi, certamente, um dos dias de maior emoção para meu pai, José Pedro e para minha mãe, Regina. Pelo menos é isto que me falam. Alguns apressadinhos e outros um pouco mais loucos já devem estar se perguntando se naquele dia já bebi o meu primeiro gole de vinho. Não, ainda não, mas quem sabe já não estava com vontade? De qualquer forma, juro que não lembro...

Isto foi apenas para lhes apresentar a pessoa que começou a me mostrar o mundo do vinho, o meu pai. Não que minha mãe também não tenha me mostrado, mas é que meu pai realmente curte e entende sobre um bom vinho. Tá bom mãe...você também me ensinou (Se eu não falar dela, ela me mata!!!). Minha mãe, como é a maioria das mulheres, gosta de um vinho mais adocicado. E talvez, sem querer, ela tenha me ensinado a gostar de um dos grandes tipos de vinho que temos hoje. Um vinho nobre, elegante, cheio de história e com um processo de produção um pouco mais complexo que o vinho comum. Alguns já devem imaginar qual é, pois não está muito difícil.

O Vinho do Porto é realmente um vinho magnífico. Um ícone de Portugal, um ícone da Europa e um ícone do mundo! Entrando um pouquinho no aspecto mais técnico dele, ele é um vinho português, da cidade do Porto, que foi difundido no mundo através dos ingleses, no meio do século XVII. Ele é produzido na região do Alto do Douro (Norte de Portugal) e aí está um de seus grandes segredos: É uma área de produção única no mundo, que são aonde se localizam os terraços sobre o rio Douro. Este glorioso vinho é uma mistura das várias uvas produzidas naquela região. A principal diferença do Vinho do Porto em relação aos outros vinhos é no seu processo de fermentação, que é interrompido com a adição de uma aguardente de vinho, que acaba preservando o açúcar natural da uva. E esta adição é a responsável pelas 2 principais características deste vinho: O seu elevado grau de doçura e de álcool, em média entre 19% e 21%, enquanto os vinhos que costumamos beber regularmente variam de 11% a 15%, dependendo do vinho.

Pronto mãe! Viu só como você também é responsável por esta minha paixão pelo vinho? Aposto que nem sabia desta! Vou abrir um parênteses aqui para fazer o meu merchan e falar que amo muito esta baixinha e que devo muito da minha vida a ela! Mãe, te amo!

Depois deste momento “melado”, (Entendam o melado como quiserem, seja ele pelos elogios à minha mãe ou pelo melado do adocicado Vinho do Porto) volto a falar, superficialmente, pois vou aprofundar depois, da influência do meu pai nesta minha vivência no mundo do vinho.

Ele, italiano como o sobrenome ROSSI diz, sempre foi muito adepto ao vinho. Sempre teve um paladar muito apurado para comida e bebida. Sempre gostou, assim como minha mãe, de comer e beber bem. Não na quantidade, mas na qualidade. Soma-se a isto uma tendência familiar que também tenho, de ter um índice de colesterol um pouco acima da média. E o último fator para que ele pudesse desenvolver mais ainda este gosto pelo vinho é ter tido, graças a Deus e aos pais dele, uma vida com amplas possibilidades de conhecer outras culturas, outros países e outras pessoas que pudessem lhe ensinar muita coisa. Pronto, está na mesa uma combinação perfeita para se desenvolver o gosto pelo vinho, pela magia que é esta bebida que está diariamente na mesa de milhões de pessoas ao redor do mundo. E ela é tão mágica e maravilhosa que a religião católica a usa para representar o sangue de Jesus Cristo derramado em sua morte. Quer mais?

Então foi assim, crescendo vendo meu pai tomando vinho quase todos os dias e com muito gosto, que fui, inconscientemente aprendendo a admirar este ritual que é beber um vinho. Um ritual que vai desde a compra dele até a retirada do rótulo depois de consumido, para minha coleção. E é claro que depois tive também outras fontes de inspiração. Mas estas, eu vou contar ao longo dos diferentes causos que relatarei.

Vinho da Semana - Zuccardi Q Tempranillo 2004

** Zuccardi Q Tempranillo 2004 **
Produtor: Família Zuccardi
Origem: Mendoza - Argentina
Uvas: Tempranillo
Safra 2004
Importadora no Brasil: Expand
Preço Aproximado: R$ 95,00







Já havia tomado este vinho antes em algumas ocasiões, dentre elas na própria Família Zuccardi, em Mendoza, quando visitei em Junho de 2007. É um vinho feito com uma uva muito difundida na Espanha, a Tempranillo e que recebe um tratamento cuidadoso e especial, passando por 12 meses em barricas novas de carvalho americano e 12 meses em garrafa antes de sair para o mercado. O que isto quer dizer? Que ele é um vinho bem estruturado, com aromas e sabor bem marcantes, mas é muito fácil de beber. Fácil mesmo, principalmente se puder respirar uns 30 minutos antes de tomarem, pois ele vai abrir e se mostrar um vinho melhor! Saúde!

Porque Enodeco?



Eno
= Vinho.
Déco
= André
Enodeco
= Vinho + André + Sonoridade com Enoteca.
A minha idéia em fazer este blog surgiu para expor algumas idéias e opiniões sobre o vinho e o grande mundo que gira em torno dele. Simplesmente por eu ter esta paixão há alguns anos e ela aumentar a cada dia que passa. Então quero compartilhar com todos os momentos que vivi e vivo em companhia desta bebida mágica. E também tentar ajudar as pessoas com dicas de vinhos que gostei, importadoras e curiosidades que eu leia em revistas, sites, livros…
Mas como não sou e nem pretendo ser o dono da verdade sobre este assunto, que é vasto e muito amplo, peço que deixem suas opiniões, dicas e comentários. Assim também continuarei minha luta em não me tornar e não cultivar uma espécie que vem crescendo a cada dia, com a difusão da cultura do vinho em nosso país: Os Enochatos.

Enochatos são aquelas pessoas que acham que sabem mais que os outros e já beberam e viveram de tudo que é ligado ao vinho. E por isto acham que são superiores aos outros. Mas como o vinho não é uma ciência exata e o melhor vinho é aquele que vc gosta e não necessariamente aquele que recebeu 100 pontos do Robert Parker ou da Jancis Robinson, acho que estas pessoas precisam rever seus conceitos e saber que nem mesmo o melhor e mais experiente enólogo bebeu todos os vinhos do mundo, e nem conhece 100% da uvas que são usadas para fazer vinhos, pois a cada dia que passa, uma nova uva é testada, um novo vinho é feito e um novo país desponta como potencial produtor de vinhos de qualidade. Por isto, se em algum momento eu transparecer algo que passe a mínima impressão de ser um enochato, por favor me avisem...rsrsrs.

Nos artigos, causos e textos que devo postar, vou falar de várias pessoas. E quero que saibam que todas elas são ou foram muito importantes para que eu aprendesse cada vez mais sobre esta nobre bebida. A começar por quem me ensinou a gostar de vinhos e que há alguns bons anos toma sua taça diária de um tinto: Papai...

Boa leitura!! E é claro, TIM TIM !!