sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O Líquido é um Detalhe...

A Möet & Chandon acaba de lançar um novo luxo para sua coleção: a garrafa de ouro Midnight Gold, assinada pela designer francesa Camille Toupet.

A embalagem, que contém o champanhe Imperial Crude, é feita de ouro com cristais Swarovski e pérolas douradas, para simular o efeito borbulhas. Um dos elementos da parte superior da garrafa pode ser retirado e usado como pulseira.
Somente 100 unidades feitas à mão da Möet & Chandon Midnight Gold serão disponibilizadas em 2009.


Fonte: Revista Adega- 30 de Outubro 2008

Envelhecendo Instantaneamente

Envelhecimento Instantâneo do Vinho! Pelo menos isso é o que promete o inventor inglês Casey Jones, com seu produto de £350, que usa uma tecnologia de ultra-som para recriar os efeitos de décadas de envelhecimento, pela colisão das moléculas de álcool dentro da garrafa.
O "Ultrasonic Wine Ager", que lembra um balde de gelo, leva apenas 30 minutos para fazer o serviço!O nada modesto Mr. Jones garante: "Esta máquina pode tornar seu vinho barato, de £3.99, um ótimo vinho, que custa centenas de libras."

Andre Jones (que não é parente de Casey), um vinicultor que produz 40.000 garrafas por ano na vinícola de sua família, disse que ficou impressionado com a bugiganga. "Casey pegou uma de nossas garrafas e nos trouxe de volta para provarmos, após colocá-la em sua máquina. Eu fiquei espantado, o vinho tinha realmente envelhecido.", disse Andre.

Um outro utensílio que está disponível no mercado e que custa por volta de R$ 900,00 é o Clef du vin (Imagem acima), um acessório inovador, que suaviza a sua estrutura e abre os seus aromas revelando o seu potencial de envelhecimento. Estimula a evolução do processo natural de oxidação do vinho; Um segundo em contacto com o vinho, ele indica o potencial de envelhecimento de um ano. Dois segundos, o potencial de 2 anos. E por aí vai.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Vinho de Merda

No sul da França, os fabricantes de vinho estão usando a má fama que têm de produzir bebidas de qualidade ruim para alavancar as vendas. E por incrível que pareça, a estratégia está dando certo.

Em Languedoc, no sul do país, os viticultores batizaram a garrafa de "Le Vin de Merde", nome que poderia espantar o cliente. No entanto, o vinho rosé está agradando o paladar dos degustadores.

Para incrementar o comércio, os bares oferecem a degustação da bebida, antes de mostrar o rótulo da garrafa.
Outro fator que colabora para o sucesso de vendas é o preço. A garrafa é vendida a 7 euros.

Os viticultores celebraram o bom resultado: o estoque inteiro desse ano foi vendido.

Olhem o detalhe da mosca no rótulo do vinho. Eles realmente levaram o nome e o conceito do produto a sério...


Fonte: BBC Brasil

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Dicionário das Uvas - Syrah

Esta uva tinta, é proveniente do Caucaso, e talvez a uva vinifera mais antiga do mundo. O nome Shiraz - outra denominação usada para esta uva - vem da cidade de Shiraz (Irã), onde era muito cultivada na antiguidade. Trazida para o Ocidente, se deu muito bem pricipalmente no sul da Borgonha e na Provence (França). Hoje é a casta principal dos Côtes-du-Rhône, do famoso Chateauneuf-du-Pape, e dos Côtes-de-Provence. Fora da França produz bons vinhos varietais, mas que muitas vezes podem pecar pelo excesso de acidez e taninos.

De tão bem que ela se deu na Austrália, ela é hoje a uva nacional do país, conhecida como Shiraz. Além da Austrália, ela hoje ganha destaque na África do Sul e na Austrália, sendo a uva que dá o famoso Grange.

Seus vinhos costumam ter um tom vermelho bem intenso, com bons taninos, e podemos encontrar aromas de ameixa, amora, cereja e cravo; Para harmonizar, escolha carnes, aves, e queijos amarelos.

Vinho da Semana - Mas au Schiste 2004

** Mas au Schiste 2004**
Produtor: Domaine Rimbert
Origem: Languedoc - Sul da França
Uvas: Carignan, Syrah e Grenache
Safra: 2004
Importadora no Brasil: De La Croix
Preço Aproximado: R$ 78,00




Este vinho vem de uma região que está localizada ao sul da França, banhada pelo Mar Mediterrâneo, com uma parte fazendo fronteira com a Espanha. Região produtora de vinhos há muitos séculos, ela ficou esquecida durante muito tempo devido à ocorrência da Phylloxera, praga que atacou grande parte dos vinhedos da França no século XIX.
Sobre o vinho, ele é bem estruturado, marcante e fresco. Orgânico, é um gradável corte de 3 uvas, sendo que 2 delas são ainda pouco conhecidas por aqui. Então, além de ser um vinho bem equilibrado e bom para acompanhar carnes vermelhas, vale para conhecer um pouco mais sobre estas uvas francesas que dão ótimos vinhos. Recomenda-se decantar antes de beber para que ele possa se mostrar mais.

E a Espanha Avança

Segundo previsões recentes publicadas pela revista Decanter, a Espanha deverá se tornar o maior produtor de vinhos do mundo, passando a França. Atualmente, proporcionalmente ao seu território, ela já tem a maior superfície plantada de vinhas, mas o clima é duro, muito seco e a produção média, pequena. Com as novas técnicas agrícolas e a permissão para irrigação, a produção deverá crescer. Só esperamos que esse salto em quantidade não deixe cair a qualidade.Infelizmente, o vinho espanhol é pouco conhecido no Brasil. É uma espécie de vinho para especialistas (insiders), desconhecido por grande parte dos consumidores. O país tem perto de 65 denominações de origem (DO), das quais duas especiais: Rioja e Priorato, classificadas como denominación de origem calificada (DOC). No entanto, o que vemos normalmente nas nossas prateleiras são os espumantes, muitos dos quais muito bons (cava), vinhos oportunistas, desses com rótulos bonitos e feitos às pressas, e pouquíssimos tintos e brancos de qualidade. Quando examinamos uma garrafa de vinho espanhol devemos notar, além da região geográfica o tipo: denominación de origen (o mais simples, sem envelhecimento na origem, para consumo rápido); crianza (com algum tempo de envelhecimento nas barricas e nas garrafas); reserva (com mais tempo de afinamento na origem) e gran reserva (que ficam muitos anos nas vinícolas). Uma classificação útil, mas não infalível.Entre os produtos de qualidade, os da zona de Rioja se destacam nas prateleiras e bem merecem, pois podem ser espetaculares. São os vinhos mais conhecidos e prezados, feitos principalmente com a nativa Tempranillo, uma uva magnífica.A Rioja fica no norte, onde há pelo menos mais duas denominações que merecem a atenção dos consumidores: Navarra (quase uma continuação da Rioja) e Somontano. Elas ficam perto dos Pirineus e têm produtos interessantes feitos com a Tempranillo e com as cepas francesas Cabernet Sauvignon e Merlot. Também há em Somontanos tintos originários da nativa, Moristel, que está perdendo terreno.



Fonte: Estadão

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Malbec Chileno

Malbec e Argentina é uma compatibilização já clássica e há vinhos ótimos frutos dessa combinação. Malbec e Chile, entretanto, já é uma combinação mais rara, e muito boa também, especialmente quando adicionada do rótulo Viu Manent. Essa vinícola chilena começou comprando uvas de terceiros e fazendo vinhos de mesa. Na final da década de 80 apostou nos vinhos de qualidade,seguindo a tendência da indústria do Chile. Hoje, José Miguel Viu, proprietário da vinícola, sente orgulho do caminho que trilhou. Sua vinícola produz 160 mil caixas de vinhos superiores, importados pela Hannover. Seu enólogo, Juan Pablo Lecaros, veio ao Brasil para comandar algumas degustações. Segundo ele, além de grandes vinhos é preciso buscar a diferença. A linha Secreto tem boa relação custo-benefício e ótimos vinhos, como o Secreto Syrah 2005 (concentrado, com muita fruta e taninos finos) e o Secreto Carmenère 2005 (típico, com aromas de especiarias e chocolate, bom corpo e textura macia). Mas os destaques ficam para a linha Single Vineyard, que tem duas versões muito sofisticadas, Malbec 2005 e Cabernet Sauvignon 2004. Ambos impressionam pela qualidade da fruta, pela concentração, fina textura e potencial de envelhecimento. No topo da pirâmede, o ícone Viu 1 2004, 98% Malbec e 2% Cabernet Sauvignon, com passagem por barrica durante 20 meses, o que se reflete num vinho vinho moderno, cheio de concentração, fruta, equilíbrio e muito sabor.



Fonte: Revista Wine Style

Vinho e Fumaça

Quem não gosta de fazer uma fumaça acompanhado de uma boa bebida, que enaltece ainda mais o prazer de fumar um bom charuto? Mas podemos olhar por outro prisma, o de quem prefere escolher primeiro sua bebida para usar o charuto como acompanhamento. Independentemente do ponto de vista, é inegável que charuto e bebida combinam. Mas algumas delas vão te dar mais prazer do que outras. Resta apenas escolher a bebida e ser feliz!

Whisky, Mojito, Conhaque, Licores, Vinhos brancos, Vinhos tintos, Vinhos fortificados e outras bebidas. As opções são várias, mas hoje vamos falar um pouco mais a fundo sobre os vinhos. Mais precisamente os vinhos fortificados, aqueles com uma graduação alcoólica mais elevada e que, na minha opinião, combinam mais com um charuto.

Os vinhos que estamos acostumados a tomar, aqueles “de mesa” combinam com charuto? Sim, combinam, mas não conseguiremos degustá-lo da melhor forma e perderemos muitas coisas que eles nos revelam, como seus aromas mais profundos, seus toques no paladar e seu sabor. Isto porque o charuto, por ser mais intenso, acaba encobrindo algumas de nossas sensações com seu sabor e intensidade e de certa forma, acaba agindo conforme o princípio da compatibilização enogastronômica: Por ser, na maioria das vezes mais forte que o vinho comum, o charuto “mata” o vinho, pois não conseguimos tirar dele todo o potencial que ele tem a nos mostrar. Partindo deste princípio, o ideal é acompanharmos o “charuto nosso de cada dia” com bebidas mais alcoólicas e de sabor mais marcante. Então vamos começar a falar dos vinhos fortificados e dos vinhos mais “doces”:

Mas o que são os vinhos fortificados ? São aqueles que não são o produto apenas da fermentação das uvas. Eles são, em determinado momento de suas produções, fortificados com aguardentes vínicas, e acabam ficando mais alcoólicos e algumas vezes, mais doces. Selecionei 2 tipos de vinhos fortificados e um tipo de vinho que não é fortificado, mas acompanha bem um charuto por ser mais doce, que são os vinhos de sobremesa, entre eles, os franceses Sauternes. Vamos falar um pouquinho sobre cada um, para que você possa escolher o seu candidato: Vinho do Porto, Vinho Madeira e Sauternes,

Vamos começar então com o Vinho do Porto, o mais famoso dos fortificados, que tem sua graduação alcoólica entre 19 e 22%vol (Os vinhos de mesa têm entre 11% e 15% vol). Antigamente, os vinhos de Portugal, incluindo a região do Douro, aonde são feitos os Portos, não suportavam bem as longas viagens a que eram submetidos. Para não desperdiça-los, os produtores e os comerciantes decidiram acrescentar álcool vínico aos vinhos durante a fermentação,para que eles agüentassem a viagem, pois o álcool interrompe e fermentação, parando a ação das leveduras. Então perceberam que além de preservar, o vinho apresentava mais qualidade, tornando-o especial. Foi assim que surgiram estes vinhos fortificados, talvez os mais famosos do mundo.

Suas características únicas e marcantes vêm também de fatores como o solo, os diferentes tipos de uvas, sendo algumas delas únicas no mundo, e o forte clima continental com verões secos e invernos muito rigorosos.

As principais uvas cultivadas no Douro são a Touriga Francesa e a Touriga Nacional. Podemos destacar também a Tinta Barroca e a Tinta Roriz. Com estas uvas também se fazem excelentes vinhos de mesa, mas com características completamente diferentes.

Existem vários tipos de Porto, dependendo do seu envelhecimento: Primeiro, os jovens Ruby, Tawny e também o Porto Branco, cujo engarrafamento acontece três anos após a sua vinificação. Depois vêm os safrados, os Vintage Character, que envelhecem entre 4 e 5 anos em pipas de carvalho. Depois, os velhos vinhos envelhecidos em madeira, Old Tawnies, que passam entre 10 e 40 anos, tomando uma cor âmbar incrível. Seguindo, temos os Crusted Port, são resultado de uma mistura de safras diferentes. E por último os Portos excepcionais: Single Quinta Port - de um único vinhedo e envelhecidos por 2 anos e os Vintage Port, que são uma seleção dos melhores Portos da região e passam dois anos em madeira.

Quer também uma dica gastronômica de harmonização do seu charuto e seu Vinho do Porto? Então escolha um queijo de mofo azul (Tipo Roquefort ou Gorgonzola) ou uma sobremesa que leve chocolate. Tenho certeza que não vai se arrepender!

Vamos agora para mais um fortificado português: Vinho Madeira (Teor alcoólico mínimo de 17%vol), oriundo da ilha da Madeira, destino turístico mais antigo da Europa, ao norte do Atlântico, que tem um solo composto por materiais vulcânicos e altas montanhas, com quase dois mil metros de altitude. Este relevo facilita a instalação dos vinhedos em Terrazas (Terraços), como na maior parte da região. Além disto, a ilha ainda apresenta grandes plantações de cana de açúcar.

Este vinho ficou famoso, pois conta a história, que um Duque Britânico, prisioneiro na Torre de Londres e condenado a morte, resolveu se suicidar afogando-se em um tonel de vinho de Madeira.

E Assim como o Porto, o método de produção teve origem na intenção do homem de transportar o vinho a longas distâncias sem que haja depreciação.


A classificação dos vinhos da Madeira, assim como os Portos, varia de acordo com seus preços. A maioria é identificada pelos nomes da variedade de uva predominante. Pela lei, deve haver um mínimo de 85% desta uva no vinho em questão. Os vinhos mais importantes da Madeira são: Sercial - vinho seco; Verdelho - meio seco; Terrantez - vinho levemente doce; Boal - vinho semidoce; Malvasía: vinho doce ao estilo do Porto.

Podemos também classificá-los levando em conta a idade dos vinhos: Reserva, vinho com mínimo de cinco anos em madeira e garrafa. Colheita, vinho de um só vinhedo elaborado a partir de apenas uma variedade de uva e envelhecido um período mínimo de 20 anos em barricas de carvalho; Reserva Extra que é o vinho que tem algumas das uvas anteriormente citadas e permanece pelo menos 15 anos em carvalho e em garrafa, 10 anos no mínimo.

Então vamos a uma deliciosa harmonização: Vinhos Madeira Sercial como aperitivo ou os Madeira Verdelho, Boal ou Malvasia na sobremesa são uma ótima pedida.

Por último, vamos ao vinho que não é fortificado, mas que também apresenta uma doçura marcante e vai bem entre uma e outra baforada. É o Sauternes (Graduação alcoólica de 13% a 15% vol), que tem este nome na França mas pode ser encontrado em outros países também, com outros nomes. Mas certamente o mais famoso e mais nobre é o Francês. O processo de elaboração deste vinho é diferente do que já vimos no Porto e no Madeira. Nele não há a adição de aguardente vínico. Ele tem seu processo bem diferente dos demais, por algumas razões: Uma delas é a chamada “podridão nobre”. Na região de Sauternes, sudoeste da França, o início da manhã é nublado e o clima é úmido, enquanto que as tardes são ensolaradas e quentes. Este tipo de clima acaba favorecendo o desenvolvimento de micro-fungos. Este fungo provoca a porosidade da película das uvas, pelo que a água contida em cada bago se evapora facilmente aumentando assim a sua concentração natural em açúcar. O desenvolvimento deste fungo faz com que a colheita das uvas tenha que ser totalmente manual e em rodadas sucessivas – de 3 a 10 dependendo do viticultor - o que faz com que seja um vinho sempre muito caro. Por isto nota-se que os sauternes não são apenas "vindimas tardias", como os vinhos licorosos de outros países, que também podem atingir qualidades excelentes. Além disso tudo, o produtor interrompe a fermentação alcoólica para que os açúcares naturais permaneçam e tornem esse vinho distinto. Para merecer a denominação "sauternes" cada vinho terá que ser declarado e cada exploração tem que cumprir com certas práticas vitícolas. O Sauternes Château d'Yquem é considerado por muitos o melhor sauternes do mundo e de valor excessivamente alto e é o único classificado como Grand premier cru.

As únicas uvas autorizadas para fazer este vinho na França são a Semillon, Sauvignon e Muscadelle. Nos outros países que também produzem estes vinhos licorosos ou como alguns dizem, “de sobremesa” as regras não são tão rígidas assim. O que acontece nestas outras regiões é uma colheita da uva mais tardia que as demais, o que acaba “secando” a uva e assim ela apresentará um teor de açúcar mais elevado.

Para harmonizar o seu charuto, seu Sauternes ou algum outro vinho licoroso com comida, não é preciso ir muito longe. É só ver o nome que estes vinhos comumente recebem: Vinhos de Sobremesa!

Como vimos, temos 3 bons tipos vinhos, cada um com suas características, que podem igualmente acompanhar suas baforadas. Agora é escolher o seu e ser feliz. Muito feliz!

sábado, 18 de outubro de 2008

Dicionário das Uvas - Merlot



A Merlot é uma das mais famosas e mais cultivadas uvas do mundo, mais uma originária de Bordeaux (França).Ela á a uva base dos grandes vinhos da região, facilmente combinada com a Cabernet Sauvignon, que já vimos no último post do dicionário, com a Cabernet Franc ou a Verdot.


A região imbatível do Merlot é Saint-Emilion, em Bordeaux. Ali são feitos nada mais, nada menos que os grandes Chateau Cheval Blanc e Chateau Petrus, que chega a custar a bagatela de 40 mil reais (Petrus Safra 1947). Fora desta região, ela está espalhada pelo mundo, ganhando destaque no Chile, na California e na Nova Zelândia. Na Itália tem feito boas combinações com a Sangiovese.


No paladar ela é similar à Cabernet Sauvignon, porém mais suave, com sabor mais macio, menos taninos e aromas mais frutados. Tem uma maturação mais fácil e rápida que a Cabernet. Pode desenvolver aromas de chocolate e frutas vermelhas maduras quando colhidas com o tempo de maturação correta.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Vinhos numa noite de Helenas


No dia 16 de Junho deste ano tive o grande prazer de participar de um “Wine Dinner” promovido pela Wine School, do apaixonado enófilo Ricardo Bohn Gonçalves. Foi uma degustação como sempre muito bem dirigida por ele, mas com a presença do simpático e competente enólogo-chefe da vinícola Santa Helena, Matias Rivera. Rivera, um simpático chileno que apresentou alguns dos vinhos que a vinícola produz já é bem conhecido em seu país, foi inclusive eleito o enólogo do ano no Chile em 2007.

A vinícola Santa Helena foi fundada em 1942 e é uma das pioneiras na exportação de vinhos no Chile. Já exportam suas diferentes linhas de vinhos para mais de 40 países. A maioria dos vinhedos está localizada no Vale do Colchagua e as variedades de cepas que mais cultivam são Cabernet Sauvignon, , Merlot, Carmènere, Sauvignon Blanc, Chardonnay, Syrah, e tem também alguns estudos com a Malbec, variedade típica de nossos hermanos argentinos, mas que já anda dando bons frutos no Chile. Em 1994, a companhia foi adquirida pela holding CCU, que detém marcas de cervejas, água mineral entre outras.
Voltando ao evento: Quando me chegou o e-mail do Ricardo anunciando o evento, olhei a data e por uma feliz coincidência, ela caía no dia 16 de Junho, dia do aniversário de minha mulher, uma outra Helena! Pronto. Foi a deixa para podermos definir o que faríamos para comemorar seu aniversário. Aproveitei e convidei meu pai, sempre presente e disponível para este tipo de evento com sua sempre companheira esposa e meus excelentíssimos sogros. Todos amantes do vinho, claro!

Começando a noite, o único branco do evento, um Chardonnay Seleccíon Del Directorio 2006. Um vinho equilibrado, agradável, fresco e que impressiona, principalmente quando olhamos o preço (R$ 36,00). Passando para o próximo vinho, o Reservado Gold Merlot 2006, uma grata surpresa: Para quem esperava um vinho simples, jovem, alcoólico e pouco persistente, surpreendeu-se! Um vinho de R$ 25,00, redondo, macio, leve e frutado na medida certa, preservando as características típicas da Merlot, com um leve, mas perceptível toque de madeira, proveniente de seu estágio em barricas de carvalho. Para mim, que nunca havia tomado este vinho, foi a grande surpresa da noite e que comprova mais uma vez que vinhos de preços mais acessíveis não significam necessariamente vinhos de má qualidade.
Entre um vinho e outro, lá estava Matias respondendo simpaticamente a todas as perguntas e até de vez em quando tirando onda conosco, brasileiros que haviam visto no dia anterior o desastre de nossa seleção na derrota para o Paraguai pelas eliminatórias da Copa do Mundo. Mas aquela não era hora de lembrar de coisas deste tipo. Voltando aos vinhos, que naquela hora era o melhor a ser feito mesmo por aqueles que queriam afogar suas mágoas do jogo de domingo, tivemos o Vernus Blend 2004, um corte de Cabernet Sauvignon como base, que tem ainda um pouco de Merlot e um restante de Carmanère. O Carvalho Francês, onde estagiou durante aproximadamente 12 meses é bastante presente, mas não em excesso, o que deixa o vinho bem estruturado e consistente. Outro belo vinho, principalmente com relação ao custo (R$ 60,00). Nesta faixa de preço ele certamente entrega mais qualidade que muito outros vinhos que temos por aí. Na fase final da degustação, as 2 estrelas da noite, um deles que não havia tomado ainda. O Notas de Guarda Cabernet Sauvignon 2002 eu já conhecia e sabia que era um excelente vinho. Encorpado, é um vinho marcante e fica na boca depois por um bom tempo. O preço mais alto (R$ 130,00) talvez assuste um pouco algumas pessoas, mas ele vale o que custa. Por último, como sempre, o astro da noite: D.O. N 2002, que é um corte de Cabernet, Merlot e Carmenère, com grande predominância da primeira cepa. Um vinho potente, de ótimo retrogosto, um nariz muito marcante, mas um preço mais salgado que os outros (Aproximadamente R$ 250,00).
Encerrando a agradável noite de aniversário e de muitos vinhos, uma maravilha de prato para harmonizarmos com o restante dos vinhos que cada um tinha na taça, se é que todos guardaram algo nas taças... : Um Parmantier de pato confit com purê de batata gratinado e mini legumes ao molho agri-doce e como sobremesa manga e abacaxi caramelados com sorvete de baunilha. Um prato deliciosamente harmonizado principalmente com o D.O. N, encerrando a noite com chave de ouro.

Uma noite com excelentes vinhos, dentre eles a grata surpresa do Reservado Gold Merlot, um excelente jantar, um “mestre de cerimônias” como sempre perfeito e atencioso, um enólogo extremamente carismático, profissional e conhecedor do que faz e como não poderia deixar de ser, companhias mais do que agradáveis da família, em especial da aniversariante da noite: uma das Helenas do evento.

PS: Os preços aqui citados são aproximados, podendo variar de acordo com o local.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Vinho da Semana - DV Catena Cabernet Malbec 2005

** DV Catena Cabernet Malbec 2005**
Produtor: Catena Zapata
Origem: Mendoza - Argentina
Uvas: TourMalbec e Cabernet Sauvignon
Safra: 2005
Importadora no Brasil: Mistral
Preço Aproximado: R$ 67,65





DV Catena é uma das novas linhas de vinhos premium de famosa vinícola argentina Catena Zapata. Este vinho é elaborado com um dos mais emblemáticos cortes argentinos, combinando a tradicional Malbec com a famosa e tão difundida Cabernet Sauvignon. O resultado é um vinho bem aromático, bem estruturado, mas fácil de beber. A madeira é presente no vinho, mas sem excessos. Não precisa decantar e nem esperar muito para beber. Um vinho que mostra bem o nível de qualidade Catena Zapata.

Vinho Potável

Um inusitado incidente ocorreu no último domingo, durante a abertura da 84ª edição da Festa da Uva de Marino (Itália) - a mais famosa festividade do estilo no país. Tradicionalmente, para marcar o início da Festa, milhares de moradores fazem uma contagem regressiva ao redor da Fonte dei Quattro Mori, no centro da cidade, para ver a "transformação da água em vinho", quando a fonte passa a jorrar, ao invés de água, uma boa qualidade de vinho branco. Todos os anos, a Fonte é abastecida com barris de três mil litros de vinho para garantir o sucesso das celebrações. No entanto, os responsáveis pelo abastecimento das fontes de água espalhadas pelas ruas da cidade giraram a alavanca errada no momento da abertura da Festa e, em vez de enviarem vinho para a Fonte, mandaram a bebida para casas da cidade.


Algumas donas de casa de Marino - que possui cerca de 40 mil habitantes - estranharam o odor familiar que saía das torneiras e foram as primeiras a notar que não se tratava de água. Uma moradora estranhou o cheiro quando limpava o chão de sua casa. Mas não reclamou, porque considerou o odor agradável. O mesmo ocorreu em outros condomínios. Muitos acreditaram se tratar de um milagre da Virgem do Rosário, a padroeira da Festa da Uva mais famosa da Itália.Sem saber o que se passava nas casas, milhares de moradores, que aguardavam ansiosos a abertura das festividades com copos de plástico nas mãos, se decepcionaram ao ver jorrar da Fonte nada mais do que água. As autoridades avisaram que o problema seria solucionado o mais rápido possível e, depois de dez minutos, o vinho começou a jorrar da Fonte normalmente. Segundo o prefeito de Marino, Adriano Palozzi, ainda não se sabe a quantidade exata de vinho que foi desperdiçada. De acordo com ele, o incidente ocorreu devido a uma falha humana, que deve ser minimizada. "Foi um erro técnico não previsto, que acabou se transformando numa coisa simpática para as pessoas", disse o prefeito à BBC Brasil. "É uma coisa que pode acontecer, porque o trabalho é todo feito manualmente", afirmou. "Resolvemos tudo em poucos instantes sem ocasionar qualquer problema para quem estava na festa e para quem ficou em casa naquele momento", disse Palozzi.




Fonte: BBC Brasil

domingo, 12 de outubro de 2008

Dicionário das Uvas - Cabernet Sauvignon

Este será o primeiro post sobre este tema que resolvi começar a fazer, para que possamos sempre aprender um pouco mais sobre as principais variedade de uvas usadas para fazer vinhos de qualidade,as chamadas Vitis Viníferas.
Então, nada melhor que começar com uma das mais famosas, conhecidas e difundidas no mundo: Cabernet Sauvignon.
A Cabernet Sauvignon é originária da região de Bordeaux, no sudoeste da França, ela é a uva vinífera mais difundida no mundo, encontrando-se em zonas temperadas e quentes. É conhecida como "a rainha das uvas tintas".
Ela apresenta uma vasta gama de clones e apresenta vinhos com uma grande complexidade aromática e se trata de uma uva muito versátil, podendo-se elaborar desde vinhos jovens e vinhos de guarda, até espumantes.
Caracteriza-se por taninos densos, cor profunda devido à sua casca de cor escura, complexos aromas de frutas e elegante estrutura.

Sua maturação é tardia e se plantada em um solo muito fértil e um clima demasiado quente, o vinho pode "açucarar" e faltar.

Seus armoas, quando em vinhos jovens, lembram cassis e nos vinhos de guarda a madeira é bem
presente.

Ela se deu muito bem na maioria dos países vitivinícolas, inclusive no Brasil, mas em especial no Chile, na Califórnia (USA), sem falar obviamente do país que ela nasceu, a França. Aliás, misturada com Cabernet Franc ou Merlot ela dá os famosos vinhos de corte bordalês, que hoje é muito imitado nos países do Novo Mundo.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Vinho da Semana - Dão Porta dos Cavaleiros Reserva 1996

** Dão Porta dos Cavaleiros Reserva 1996 - Caves São João **
Produtor: Caves São João
Origem: Região do Dão - Portugal
Uvas: Touriga nacional, Aragones, Alfrocheiro e Gaen
Safra: 1996 ( A Imagem abaixo é da safra 2002)
Importadora no Brasil: Vinci Vinhos
Preço Aproximado: R$ 65,00






Bebi este vinho há algumas semanas atrás no novíssimo restaurante Arturito e ele me supreendeu pelo custo-benefício. É um típico português, amadeirado (Mas não aquela madeira"baunilha e chocolate" dos vinhos que o Parker gosta). Uma madeira bem ao estilo português, na medida certa. Equilibrado e apesar da idade, ainda se mostra com um bom corpo e um possível potencial - não muito grande - de guarda. Pra quem gosta de um típico Português, é um prato cheio!!

Vinho Desafio

Amigos,
A Cantina e Enoteca Materello costuma realizar todas as 3as. Feiras degustações temáticas em sua cantina. São degustações sempre muito bem dirigidas e que costumam ter bons vinhos e grande descobertas. Porém, desta vez, Vitor Lotufo, dono do Materello resolveu ter uma idéia nova e que promete ser bem ineteressante. É o Vinho Desafio. Uma nova proposta, uma brincadeira, mas uma brincadeira didática. Este priemiro evento é uma experiência piloto, que se der certo vai entrar em nossas programações. A proposta é a seguinte: As pessoas degustarão quatro vinhos diferentes às cegas. Cada um receberá uma papeleta que deverá ser preenchida respondendo a perguntas visando a adivinhação de que vinhos foram servidos. Por exemplo: A amostra de vinho número 1 é vinho produzido no novo mundo (América, África ou Oceania), no velho mundo (Europa) ou no velhíssimo mundo (Ásia), a resposta certa vale 1 ponto e assim por diante, de que país é o vinho, de que região, de que uva etc. No final da degustação serão revelados os vinhos, quem fizer mais pontos ganhará um prêmio, que por hora será um prêmio simbólico, pois pretendemos no caso da experiência der certo, arrumarmos um patrocinador. Será permitida a participação também em grupo (escuderias), logicamente o prêmio será dividido. A degustação será dirigida por um mediador que poderá responder às perguntas dos presentes, mas suas respostas serão dirigidas à todos os presentes e o mediador também não saberá que vinhos estão sendo degustados.
Quando? Próxima quinta feira, dia 9 de outubro, às 20:30 horas na Enoteca e Cantina Matterello, rua Fidalga, 120 tel 3813-0452. O evento será gratuito e não é preciso inscrição prévia, mas é necessária a pontualidade.

Uma pegadinha de mestre

A Revista Época desta semana traz uma matéria sensaconal para aqueles que criticam a influência que determinadas publicações de vinhos tem no mercado e nos preços dos vinhos.
Um enólogo americano resolveu criar um restaurante fictício para testar a revista Wine Spectator e a premiação que ela concede às melhores cartas de restaurantes. E qual não foi a surpresa quando ele recebeu um e-mail da revista dizendo que ele foi premiado. Mas como é que premiam um restaurante que não existe e uma carta que também não existe? E pior: Uma carta que tinha muitos rótulos que já haviam sido execrados pela revista anos atrás!
Sem mais enrolações, abaixo parte da matéria. Para assinantes, a matéria pode ser lida na íntegra no http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI14100-15254,00-COMO+ENGANAR+OS+ESNOBES.html ou ser encontrada na Época, edição 542 de 06 de ?Outubro de 2008.

"O restaurante italiano Osteria L’Intrepido poderia pendurar numa parede o prêmio que ganhou da prestigiosa revista de enologia The Wine Spectator, a mais influente do mundo quando o assunto é vinho. Só que o restaurante não tem parede. Ele nunca existiu. Isso não impediu que a revista o premiasse com o Award of Excellence, reconhecendo as qualidades de sua carta de vinhos – um diferencial que eleva o prestígio e pode incentivar a clientela a provar rótulos mais caros, ainda que pouco conhecidos. A adega fictícia saiu da imaginação do enólogo americano Robin Goldstein. Ele queria pôr à prova os critérios de seleção dos concursos que determinam o sucesso ou o fracasso de vinhos e de restaurantes. “A idéia era desmistificar especialistas e concursos enológicos que ditam o que é melhor para o consumidor”, disse Goldstein em entrevista a ÉPOCA.
Ter conquistado o prêmio já seria motivo suficiente para expor ao ridículo os critérios da Wine Spectator. Mas Goldstein fez mais. Entre os 256 rótulos da premiada carta de vinhos do Osteria L’Intrepido, supostamente situado em Milão, no norte da Itália, havia uma seleção estrategicamente desastrosa. Goldstein escolheu apenas vinhos caros – e condenados pela própria Wine Spectator nos últimos 20 anos. Um Amarone Classico “Gioé”, safra 1993, com preço equivalente a R$ 305, havia sido criticado pela revista por ter “caráter de solvente de tinta e esmalte de unha”. O Cabernet Sauvignon “I Fossaretti”, safra 1995, fora descrito como tendo “gosto metálico e estranho”.
Como a revista caiu na armadilha? O truque de Goldstein foi providenciar um número telefônico em Milão com uma gravação em que o restaurante avisava estar fechado para obras. O enólogo ainda criou um blog para o restaurante (http://osterialintrepido.wordpress.com/) e postou comentários falsos em fóruns de enologia. Assim, o L’Intrepido aparecia no buscador Google, mesmo sem existir. Isso bastou para que os críticos da Wine Spectator acreditassem que o restaurante era real. “Não visitamos cada um dos restaurantes que participam de nossa premiação”, afirmou Thomas Matthews, editor-executivo da revista. “Prometemos avaliar a carta de vinhos e, quando recebemos a inscrição, assumimos que o restaurante existe”. Isso não justifica premiar uma carta de vinhos que oferece rótulos com gosto de esmalte de unha e inseticida. Entende-se a gafe ao conhecer a natureza dos prêmios criados pela publicação. Eles surgiram em 1981, quando concursos do tipo eram raridade nos Estados Unidos. De lá para cá, se transformaram num negócio que rende milhões de dólares para a revista.
Cerca de 4.500 restaurantes de todo o mundo se inscreveram no concurso deste ano – e apenas 319 não foram premiados. Cada inscrição custa US$ 250. Só com as candidaturas, a receita ultrapassou US$ 1 milhão. “E, quando você vence, eles ligam oferecendo espaço para anúncio”, diz Goldstein. A polêmica ganhou réplica e tréplica no site da revista e no blog do falso restaurante. “Sim, fomos enganados. Mas esperamos que os amantes de vinhos continuem usando nosso guia para encontrar restaurantes e compartilhar sua paixão pelo vinho”, disse Matthews, em defesa da Wine Spectator. “É contraditório a revista premiar uma carta de baixa qualidade, com vinhos mal avaliados pela própria publicação”, diz Manoel Beato, sommelier do restaurante Fasano e autor do Guia de Vinhos Larousse."

Trecho do e-mail recebido pelo "restaurante":
“Dear Restaurant Award Winner: Congratulations, your restaurant has been selected as a Wine Spectator 2008 Restaurant Award winner! All award winners will be listed in our Annual Dining Guide, published in the August issue of Wine Spectator, and will be mentioned in our restaurant database and online at
www.winespectator.com. I am writing to ask if you have an interest in publicizing your award by placing an ad in the upcoming Restaurant Award issue. We will be creating a special advertising section where ads will receive premium positions located in the Restaurant Dining Guide. Space closes on Friday, June 6th. Special rates start at only $3,090 for a 1/8 page 4-color. The rate card and additional information can be viewed here: http://www.winespectator.com/2008RestaurantAwardRateCard. If you are interested, it’s a good idea to contact us as soon as you can to get the best possible position adjacent to your state. If you have any questions feel free to contact me.”

domingo, 5 de outubro de 2008

Marketing Boca a Boca (Turbinado)!!

Este texto abaixo foi escrito por mim em Setembro 2007 e logo depois de terminar, enviei ao Washington, para que ele pudesse ler, já que é um grande e notório apreciador de vinhos. E não é que ele resolveu colocar o texto no Blog dele (http://bloglog.globo.com/washingtonolivetto/) ???
Confesso que por isto ele passou a ser um dos meus textos mais "queridos"... Leiam abaixo e espero que gostem.
===
André Rossi é um dos mais jovens diretores de atendimento da W/Brasil e do mercado publicitário. E um rapaz corajoso. Extremamente corajoso.
Prova disso é que ele resolveu aceitar a minha oferta para que o pessoal da W/ escrevesse no meu blog e optou pelo tema “vinhos”. É preciso ser muito corajoso para escrever sobre vinhos num blog que tem a família do Boni no comando.

Washington Olivetto

===


Recentemente, li no blog do respeitadíssimo e competente Saul Galvão que a “marqueteira“ classificação Cru Bourgeois não poderá ser mais utilizada nos vinhos provenientes da região de Bordeaux, França. Num post logo depois deste, havia um complemento do próprio Saul dizendo que alguns produtores franceses, preocupados com suas vendas, já estão procurando um jeitinho para garantir a sobrevivência da expressão Cru Bourgeois, pois acham que, sem essas classificações em seus rótulos, suas vendas tenderão a cair.

Concordo com a preocupação desses produtores, uma vez que desde 1855, quando apareceu a primeira lista com a hierarquia dos principais tintos da região do Médoc, alguns produtores se apoiaram nessas classificações e passaram a vender seus vinhos por preços mais altos. Agora, com a proibição de utilizar essas classificações, os produtores terão que se preocupar muito mais com a qualidade dos seus vinhos do que com as classificações em que se encaixam. E, na minha opinião, isso pode ser benéfico para todos nós, apreciadores, pois poderemos ter vinhos de melhor qualidade.

Não quero dizer que os vinhos que têm suas classificações hoje sejam ruins ou que não as mereçam. Não quero aqui colocar à prova nomes já consagrados e que estão acima do bem e do mal, como Château Mouton-Rothschild, Château Lafite Rothschild, Latour ou Margaux, entre outros. São vinhos lendários, que atravessam gerações e não perdem a nobreza porque têm suas qualidades rigorosamente controladas e cuidadas. São vinhos únicos, que não merecem ser submetidos a comparações com outros vinhos.

Quando eu digo que acho que o resultado dessa ação judicial de tirar essas classificações dos rótulos pode nos beneficiar, digo isso porque agora, sem elas, os châteaux vão precisar conquistar o paladar dos consumidores 100% pela qualidade de seus vinhos e não por pertencerem a uma ou outra classificação. E vinho que é bom vende. Tenho certeza disso! As pessoas comentam, os críticos atentam a eles, e por aí vai. Nesse processo literalmente boca a boca, os bons vinhos vão ser os grandes beneficiados e vão poder comprovar suas qualidades. E essa, na minha opinião, será a grande prova para esses vinhos. Saberemos realmente quem é quem.

Como já disse, não sou contra essas classificações, mas acho que elas devem ser feitas apenas para indicar as procedências dos vinhos, como ocorre, por exemplo, na Itália, na Espanha, em Portugal e, mais recentemente, até mesmo no Brasil. Na Itália, as denominações DOC (Denominazione di Origine Controllata) e DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita) são as mais importantes. E isso não significa que os vinhos IGT (Indicazione Geográfica Típica) ou outros que não têm essas denominações sejam inferiores. Um exemplo disso são os chamados Super Toscanos. Essa denominação começou nos anos 70, quando alguns produtores decidiram criar um novo estilo de vinho produzido ou fora da zona do Chianti, ou com suas uvas misturadas a outras variedades, como Cabernet Sauvignon, Merlot etc., que não eram aceitas pelas regras DOCG para o Chianti. Dois exemplos de Super Toscanos são os sensacionais Solaia e Sassicaia. Ou seja: não ser DOC ou DOCG não muda nada para eles, porque são excelentes vinhos e passaram no teste boca a boca dos apreciadores e críticos.

Até mesmo o Brasil, que ainda engatinha na produção de vinhos de alta qualidade, apesar de alguns bons rótulos premiados e reconhecidos lá fora, já tem sua denominação de origem reconhecida pela União Européia: Vale dos Vinhedos (RS). No Brasil, diferentemente de outros países, nos quais as regras são mais rígidas, os produtores têm mais liberdade para escolher as uvas e os tipos de vinho. Os vinhos do Vale dos Vinhedos devem ser feitos com uvas da região (vinificadas lá mesmo) e aprovados por uma comissão de especialistas.

Acho que essas indicações que determinam a origem dos vinhos são sempre benéficas e importantes para o mercado. Outras classificações, na minha opinião, são meras jogadas de marketing para vender mais. Não sou contra o marketing. Pelo contrário: sou totalmente a favor, afinal, publicitário que sou, preciso do marketing das empresas para sobreviver... Mas que o marketing venha para o bem do mundo do vinho, que ele venha para evidenciar os grandes vinhos, pois eu tenho uma teoria muito clara em minha cabeça: vinho bom é aquele que passa no teste boca a boca, ou seja, vinho bom não precisa de marketing.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Uma boa combinação: Vinho e Leão

Resolvi escrever este post pois ele fala de 2 coisas que gosto muito: Vinho e Propaganda.

Este ano no festival de Cannes, aonde são premiados os melhores trabalhos da propaganda mundial, 3 peças criadas pela Lew'Lara\TBWA chamaram a atenção dos jurados e levaram Leão de Bronze na Categoria Outdoor. Foram criadas para a importadora De La Croix (http://www.delacroixvinhos.com.br/), uma importadora nova no Brasil, mas que está trazendo preciosos rótulos, de pequenos produtores franceses, todos alinhados sob os mesmos princípios: Produzir somente vinhos orgânicos ou biodinâmicos. Basicamente isto quer dizer que são vinhos "naturais" sem a presença de aditivos químicos e além do respeito ao terroir e às suas características originais, a colheita é feita sem a utilização de máquinas (em muitos casos utilizam-se cavalos!) e ainda uma série de normas com relação à conservação, ao engarrafamento, às rolhas e até à limpeza da cantina.

Pois bem, estas peças, que estão abaixo, são auto-explicativas e muito interessantes. O título das peças é "Vinhos 500 metros mais baratos." E assina "De La Croix. Importadora de vins de garage." Espero que gostem assim como os jurados de Cannes gostaram...














quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A Disney dos Enófilos

Recentemente o Empório Santa Maria, que foi comprado pela rede St. Marché e fez uma bela reforma, lançou uma novidade que está dando muita mídia e muito o que falar com os enófilos espalhados por nossa capital. Eles importaram a italiana ENOMATIC, que nada mais é que uma máquina que tem garrafas de vinhos organizadas e enfileiradas com um sistema de preservação a nitrogênio, em que as bicas emitem doses de vinho que variam de 30ml, 60ml e 120ml. Até aí, muito se parece com aquelas máquinas que encontramos em restaurates que servem vinhos em taça. Mas ela não é apenas isto. Ela funciona com um cartão "pré-pago" com chip e que vc gasta como e com que vinho quiser. Ela tem capacidade para 48 rótulos e conservam os vinhos por até 30 dias depois de aberta a garrafa. Detalhe importante: Os vinhos são servidos em taças Riedel...! Isto é excelente para aqueles que querem experimentar um determinado vinho, mas não estão dispostos a gastar por uma garrafa. E principalmente para os que querem variedade, mas sem precisar se preocupar com os altos preços das garrafas. E serve também para os que não querem pagar R$ 300,00 por uma garrafa de um Brunello Casanova di Neri 2002, mas podem desembolsar R$ 13,00 por um gole deste vinho na ENOMATIC. É ou não é algo muito próximo de uma Disneyworld dos enófilos?