quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Terra de Gigantes

Quinta-Feira passada, 29.10, tivemos mais um capítulo da confraria dos publicitários. E como tem sido em todas as outras, o nível está subindo cada vez mais. O nosso passeio por Bordeaux foi sensacional. Foi um jantar que nos fez literalmente nos sentirmos na região vinícola mais famosa do planeta. Claro que há pessoas que vão falar que é a mais famosa é Champanhe e outras que vão falar que é a Borgonha. Mas para mim, Bordeaux é a principal região vinícola do planeta!

As duplas desta vez resolveram apelar, no bom sentido. E ainda tivermos, para começar os trabalhos, uma surpresa levada pelo meu dupla, Marcio, o Íris du Gayon, um vinho que tem uma produção limitadíssima feita entre o Mouton e o Lafitte Rotshild. Uma localização de dar inveja a qualquer ser humano.

O local escolhido foi a Vinheria Percussi, e fomos servidos e muito bem tratados pelo já conhecido sommelier Jonas. Um tratamento VIP. Depois de começarmos com a surpresa levada pelo Marcio, O Íris du Gayon (Fazendo uma homenagem ao confrade Gustavo Gaion), começamos os trabalhos às cegas. Um vinho mais surpreendente que o outro. O que nos fez ter uma votação diferente, pois o nível estava muito alto. Tivemos que escolher 2 dentre os 4 vinhos, para fazerem uma final. Os vinhos com maior votação foram o 3 e 4, que até então não sabíamos quais eram. Com isto, desvendamos os 2 primeiros vinhos: Château Kirwan 2004, 88 pontos WS, levado pelo Edu e pelo Gaion. O outro foi um Clerc Milon 2003, 93 pontos WS, levado por mim e pelo Marcio.

Com isto, o meu medo se tornava cada vez mais forte: Será que o Gomez ou o Dado, que já eram bi-campeões, iam levar o Tri. Como estavam em duplas separadas, certamente um dos dois seria Tri. Então, que fosse o Gomez, um tricolor carioca gente boa e menos chato que o Dado, corinthiano sofredor e que certamente iria me encher muito mais o saco. Até porque ele faz parte da nossa outra confraria, então eu teria que aturar a encheção por mais tempo. Como a Lei de Murphy impera nestas horas, ao desvendar o ganhador, o vinho número 4, vi que eu estava perdido. Sim, o Dado levou o Tri, formando dupla com o Herbert, que pelo menos é são-paulino. Mas a encheção de saco, que ainda persiste, valeu a pena. Fred e Gomez, os vice-campeões emplacaram um Chateau Lascombes 2003, 91 WS que estava maravilhoso. E o vinho que foi quase unânime da dupla vencedora, foi nada menos que um Chateau Pavie 2003, 96 pontos WS. Um legítimo Bordeaux, maravilhoso, perfeito. E arrisco-me a dizer que foi o melhor vinho que tomamos até hoje na confraria.

Com isto, encerramos mais uma etapa, a penúltima do ano. A última, porém, promete ser, além de diferente, muito empolgante. Teremos a presença das mulheres de todos os confrades e assim sendo, começaremos, para comemorar o ano, com Champanhes e depois iremos para um belíssimo desfile de Brunellos. O problema é não sobrar ninguém pra contar estória depois...


CHEERS!!

Um comentário:

Marcos Gomez disse...

Enfim consegui ter um tempo para folhear o livro "1001 para Beber antes de morrer" e verificar se minha memória ainda funcionava, pois tinha certeza que o Château Pavie lá estava e para minha surpresa justamente o da safra 2003, que nossos confrades campeões Dado e Herbert nos proporcionaram em memorável noite.
O texto começa assim: Não existe vinho mais polêmico em Bordeaux do que o Cht. Pavie de Gérard Perse, e o da safra 2003 dividiu opiniões como nenhum antes. Após sua primeira prova no lançamento , Robert Parker escreveu: "Um esforço fora de série dos proprietários perfeccionistas Chantal e Gérard Perse.... um vinho com riquesa, mineralidade, estrutura e nobreza sublimes".
A Master do Wine Jancis Robinson, por outro lado, não ficou tão impressionada: "Aromas maduros demais nada interessantes , .... Lembra mais um Zinfandel de colheita tardia do que um Bordeaux tinto, com notas verdes não sedutoras".
O Master of Wine Clive Coates declarou: "qualquer pessoa que ache que esse é um vinho de qualidade precisa de um transplante de cérebro e de palato". Além disso , Michael Schuster, direto da campanha de Bordeaux para The World of Fine Wine de 2003, escreveu: ".... aroma muito estranho para um tinto de Bordeaux; uma combinação quase medicinal de um vinho do Porto maduro com toques de passas e as amêndoas amargas de um Amarone di Valpolicella ... Sem nota". E assim a briga continuou, culminando em uma batalha entre critícos ingleses e norte-americanos, com Parker chamando os "classicistas" ingleses de reacionários. Compre uma garrafa e decida você mesmo. SG $$$$$ Beber até 2010+ (pág. 718).
Vejam que maravilha e interessante de fato foi nossa última degustação, estamos agora inseridos nesta polêmica e podemos estabelecer nossas próprias avaliações e melhor contar de nossa grande experiência.
Creio que estas histórias, polêmicas e criação de mitos, que fazem do vinho uma experiência única e que definem esta grande paixão.