terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

MARADONA OU ZAMORANO - PARTE 2

Retomando o assunto iniciado na semana passada, vamos agora andar na direção do Oceano Pacífico, chegando ao Chile, país extremamente peculiar em sua geografia, o que é — e certamente continuará sendo — determinante para seu crescimento nesse mercado do vinho.

Tudo começou mais ou menos na mesma época que a vinicultura argentina. Na verdade, um pouco depois, por volta de 1550, com missionários espanhóis que faziam vinhos de mesa e de missa. Porém, na segunda metade do século XIX, enquanto os vinhedos franceses foram devastados pela praga da filoxera, as plantações chilenas ficaram intactas, o que foi um marco para a vinicultura local. Mesmo com o governo militar atuando fortemente no país, quando metade dos vinhedos do país foram destruídos, os produtores resistiram e continuaram a produzir vinhos cada vez de melhor qualidade, principalmente com a injeção de capital estrangeiro, vindo da Europa, da Austrália, dos Estados Unidos e até do Japão. Com esses investimentos, muita tecnologia foi implantada, e a qualidade dos vinhos foi melhorando sensivelmente. Hoje, o país é um dos grandes centros vinícolas do mundo, e, quando se fala em custo-benefício, talvez seja o melhor.

Uma das explicações para esse sucesso todo é, mais uma vez, a geografia e o clima. Estrategicamente localizado entre o Pacífico e a Cordilheira dos Andes, o Chile tem várias regiões vinícolas, algumas delas já conhecidas, outras que estão se tornando conhecidas agora e outras que têm um grande potencial para crescer. As uvas do Chile vêm principalmente do Vale Central, situado no meio do país, e que é uma zona agricultora extremamente fértil. O clima no vale tem temperaturas máximas no verão entre 15ºC e 30ºC e uma umidade excelente para as uvas. As montanhas litorâneas não deixam que a chuva que vem do oceano chegue tanto a essa região. Mas essa falta de chuva não atrapalha as plantações, pois há inúmeros rios na região que irrigam as terras.

As principais regiões chilenas hoje são o Aconcágua (norte), Vale Central e região sul, tendo cada uma diferentes características, as quais determinam a qualidade e a variedade dos vinhos que saem de lá. O Aconcágua é a região mais seca e quente do Chile, com uma predominância de bons vinhos cabernet sauvignon. Mas, dentro dessa região, está talvez uma das grande recentes descobertas, o Vale de Casablanca, responsável por excelentes brancos feitos de chardonnay e sauvignon blanc e tintos feitos de pinot noir, que são uvas que precisam de um clima mais frio, com brisas marinhas e névoas características desse belo vale que fica no caminho entre Santiago e Viña del Mar. Antes de chegar ao Vale Central, passamos pelo Vale do Limarí, recente descoberta chilena na vinicultura que tem dado vinhos maravilhosos nas mãos dos enólogos da Viña Tabalí, uma vinícola relativamente nova, mas que vem colecionando apreciadores pelo mundo e, principalmente, aqui no Brasil. Descendo para o Vale Central, temos nele as sub-regiões do Maipo: Curicó, Rapel e Maule. Nessa região, estão as principais vinícolas do país e certamente os melhores vinhos. Destaque para os cabernets, carmenères e, mais recentemente, os syrahs, que têm ganhado grande destaque no Vale do Colchagua, mas mais ao sul. Mas não podemos também deixar de lembrar alguns ótimos sauvignon blancs, semillons e merlots oriundos de lá. Quanta variedade! Por fim, vamos à região sul, no Vale do Bío-Bío, onde a produção ainda é muito voltada para o consumo interno.

E semana que vem escrevo o fechamento e minha opinião final sobre o futuro dos dois países...


CHEERS!!

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