quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

MARADONA OU ZAMORANO - FINAL

Bom, depois de falarmos um pouco sobre cada um dos dois países, não é difícil prever que país tem maior capacidade de expansão no mundo dos vinhos. Os dois países conseguem produzir tintos maravilhosos, para bebermos ajoelhados. Isso é um fato. Mas há uma diferença geográfica que privilegia um e limita o outro. E esta, para mim, é a grande diferença. Os enólogos e proprietários argentinos podem causar uma revolução no país com novas descobertas? Claro que podem. E, em se tratando de vinhos, tudo é possível se mãos e paladares competentes ajudarem. Certamente temos isso de sobra por lá. Mas há um detalhe que faz toda a diferença: se a natureza não permitir, as coisas ficam mais difíceis.

E, para terminar, eu não poderia deixar de falar, mesmo que brevemente, sobre as uvas emblemáticas desses países.

Na Argentina, a malbec é notadamente a rainha das uvas, produzindo vinhos maravilhosos, encorpados e potentes, dependendo do modo como for vinificada. É uma uva que cativou muita gente e conquista legiões de fãs com seus vinhos marcantes. Mas, segundo o maior nome do vinho argentino, Nicolas Catena Zapata, a uva do futuro na Argentina é a italiana bonarda, que hoje é muito usada para vinhos de corte, alguns de baixa qualidade, mas que, segundo ele, será a grande uva dos varietais argentinos. Hoje, contraditoriamente, ela é a uva mais plantada no país, com 20% mais plantações do que a famosa malbec. O que acontece é que nossos hermanos estão começando a acertar a mão com essa uva e produzindo bons vinhos. Como exemplo, podemos citar os diversos prêmios que a bodega Nieto Senetiner já ganhou com seu varietal bonarda.

No Chile, a carmenère, que chegou ao país como sendo uma muda de merlot e depois se descobriu que não era, resistiu à filoxera e no Chile tem dado mostras de que pode produzir vinhos com personalidade, sempre bem herbáceos e marcantes. Vinhos de corte ou varietais? Tanto faz! A carmenère tem feito de tudo. E feito muito bem! E, se a Argentina tem a bonarda como uva do futuro, o Chile está tomando emprestada a uva do seu vizinho para fazer suas apostas: a malbec, que hoje é símbolo argentino, já tem dado mostras de que pode fazer muita coisa boa no Chile. E um ótimo exemplo disso é um dos melhores vinhos chilenos da atualidade, o Viu1, que leva 90% de malbec em sua formulação. Uma maravilha!

Vale Central ou Mendoza? Neuquén ou Bío-Bío? Carmenère ou malbec? As variáveis que vão decidir essas disputas são muitas: climas, solos, águas, relevos, variedade de uvas, investimento externo e muitas outras coisas que acabam ditando a regra do jogo, dizendo quem pode mais hoje e quem poderá mais amanhã. Mas uma coisa é certa. Independentemente de qual país se saia melhor, essa disputa já tem um vencedor: nós, consumidores, que poderemos cada vez mais nos deliciar com excelentes amostras dos dois países.

Já no Brasil... Bom, esse é um assunto para um outro texto, pois dá para falar muita coisa sobre nossos vinhos, apesar de ainda estarmos engatinhando na produção de vinhos de qualidade. Mas, se acertarmos a mão, poderemos surpreender...

Por fim, talvez você esteja perguntando o porquê do título “Maradona ou Zamorano?” É que, nesse caso, enquanto acho que o Chile ganha da Argentina com o vinho, no futebol eles perdem de goleada para o nosso principal rival. Sem dúvida, o Maradona jogou muito mais bola que qualquer chileno. Mas, se é assim, desculpem-me, chilenos, argentinos e até italianos, portugueses e franceses. Sou mais o Pelé.



CHEERS!!

Um comentário:

Cristiano Orlandi disse...

André,

Concordo com vc em relação ao Viu 1, talvez seja o melhor Malbec que já bebí! Principalmente pq é diferente, muito diferente...

Participei de um vertical dele, que foi soberbo!

Convido vc e todos os seus leitores a passarem pelo meu blog, e darem uma olhada no post que fiz!

Forte Abraço!

Cristiano
Vivendo Vinhos
www.vivendovinhos.blogspot.com